Dilma classifica de injusto bloqueio a Cuba e diz que Brasil é parceiro da ilha
Durante a cerimônia
de inauguração do Porto de Mariel, em Cuba, a presidente Dilma
Rousseff classificou como injusto o bloqueio econômico imposto pelos
Estados Unidos à ilha caribenha desde a década de 60. Dilma ressaltou
que, apesar do embargo, o país tem o terceiro maior volume comercial do
Caribe. "Mesmo sendo submetido ao injusto bloqueio econômico, Cuba gera
um dos três maiores volumes de comércio do Caribe", afirmou.
Dilma destacou também o desejo
do Brasil em transformar-se em um parceiro de “primeira ordem” para o
país do Caribe. Segundo Dilma, a iniciativa é o primeiro porto terminal
de contêineres do Caribe, e conta com financiamento de US$ 802 milhões
pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O
investimento serviu para contratação de bens e serviços de 400 empresas
brasileiras.
“O Brasil quer
tornar-se parceiro econômico de primeira ordem para Cuba. Acreditamos
que estimular essa parceira é aumentar o fluxo bilateral de comércio.
São grandes as possibilidades de desenvolvimento industrial conjunto, no
setor de saúde, e medicamentos, vacinas nos quais a tecnologia de ponta
é dominada por Cuba. (…) Queria aproveitar para agradecer ao governo e
ao povo de Cuba pelo enorme aporte ao sistema brasileiro de saúde por
meio do programa Mais Médicos”, afirmou Dilma.
As obras de modernização do Porto de Mariel e sua estrutura
logística exigiram investimentos de US$ 957 milhões, sendo US$ 682
milhões financiados pelo Brasil e o restante aportados por Cuba. Para
aprovação do crédito, o BNDES acordou com o governo cubano que, dos US$
957 milhões necessários, pelo menos US$ 802 milhões fossem gastos no
Brasil na compra de bens e serviços comprovadamente brasileiros. Isso
proporcionou a centenas de
empresas brasileiras a oportunidade de
participar do empreendimento, mediante a exportação dos serviços que
prestam e dos bens fabricados no Brasil.
Mauro Hueb,
diretor-superintendente em Cuba da Odebrecht, empresa brasileira
responsável pelas obras em sociedade com a Quality, companhia vinculada
ao governo cubano, fala da contrapartida gerada para as exportações no
Brasil.
“É importante ressaltar que US$ 800 milhões foram gastos
integralmente no Brasil para financiar exportação de bens e serviços
brasileiros para construção do porto e, como consequência disso, gerando
algo em torno de 156 mil empregos diretos, indiretos e induzidos,
quando se analisa que a partir de cada US$ 100 milhões de bens e
serviços exportados do Brasil, por empresas brasileiras, geram-se algo
em torno de 19,2 mil empregos diretos, indiretos e induzidos”, explicou
Hueb.
A zona que foi criada na região do Porto de Mariel é uma
área equivalente a 450 km² que vai contar com toda a infraestrutura
adequada para receber empresas de alta tecnologia e de tecnologia limpa.
Segundo Hueb, o governo brasileiro fez um trabalho de promoção da Zona
Especial de Desenvolvimento de Mariel mundo afora e já começa a perceber
a chegada de grupos empresariais para buscar negócios e investimentos
no porto.
Cesário Melantonio Neto, embaixador brasileiro em Cuba,
destaca os ganhos para o comércio internacional do Brasil com a maior
inserção do país na América Central e no Caribe.
“O Porto de
Mariel é importante para aumentar a inserção caribenha do Brasil.
Evidentemente o Brasil tem uma inserção maior no nosso entorno regional,
que é a América do Sul. O Brasil tem historicamente uma inserção menor
na América Central e também no Caribe. Provavelmente, com a vinda de
empresas brasileiras para se instalarem no Porto de Mariel, que é um
porto que oferece uma série de vantagens fiscais, mais ou menos como o
modelo das zonas de processamento de exportação (ZPE) no Brasil, com
sistema de drawback, sem limite de remessas para múltiplos de
dividendos, haverá uma maior presença comercial do Brasil, não só em
Cuba, mas em toda a região. Essa que é a importância para o Brasil do
Porto de Mariel”, diz.
Hipólito Rocha Gaspar, diretor-geral em
Cuba da Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e
Investimentos) também destaca o impacto para as exportações brasileiras.
“Desde
o momento que se decidiu fazer, há cinco anos atrás, isso tem
implementado grandemente a presença brasileira no país, nas exportações.
Com a obra de Mariel, mais, praticamente, 500 empresas se beneficiaram
com essa obra, onde essa obra vai representar um momento diferente
comercial de Cuba para o mundo… eu acho que nós usaremos também Mariel
para o crescimento das nossas exportações”, afirma.
Fonte: Jornal do Brasil
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