Luis Fernando Vitagliano
Do paneleiro ao caminhoneiro, a representação da crise política
É impressionante que num quadro dessa gravidade a resposta de parte da população e de pequena parte dos caminhoneiros seja a negação da representação com uma intervenção militar
04/06/2018
04/06/2018
A greve dos caminhoneiros revela que o país dos paneleiros não existe. Não existe um país liberal com controle de preços pelo Estado. Não existe um país com liberdades democráticas sem liberdades partidárias. Não existe democracia sem oposição. Não existe liberdade sem justiça social. E o silêncio de agora dos revoltados de panelas nas mãos não mostra indiferença – como queremos crer – mostra a incongruência cognitiva de quem se propôs a discutir política sem o devido cuidado com o assunto.
Chamo de “paneleiros” – evidentemente numa atitude provocativa – aos que defenderam, ativa ou passivamente, direta ou indiretamente, a saída da presidenta Dilma eleita legitimamente para ocupar o cargo – que todos sabemos, foi afastada não por corrupção, mas porque se supunha que sua gestão era insuficiente. Não se trata de uma categoria homogênea, passa pelo cidadão de classe média informada pela grande mídia ao tradicional modelo padrão autoritário da família brasileira – e talvez a