Impostometro

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

1918 - 2013: Sete coisas que você pode aprender com a vida de Nelson Mandela

1918 - 2013: Sete coisas que você pode aprender com a vida de Nelson Mandela 

Nelson Mandela

Tenha fé na justiça
Coragem é o triunfo sobre o medo
Com trabalho duro vem o progresso
Orgulhe-se de suas convicções
Mostre compaixão a todos
Seja humilde
Continue a rir

"É inútil pensar sobre o que aconteceu no passado.
Nós estamos pensando sobre o que está acontecendo agora
e o que deve acontecer amanhã
" Nelson Mandela



Nelson Rolihlahla Mandela nasceu no dia 18 de julho de 1918, em Umtata, numa família de origem nobre, pertencente ao clã dos Tembu, da etnia xhosa, uma das três mais importante da África do Sul.Apesar de chefe tribal, Henry Mandela, seu pai, nunca aprendeu a ler. Depois de uma infância rural, quando cuidava das vacas da família, Mandela renunciou à liderança hereditária de sua tribo e foi estudar no Clarkebury Training College, onde se tornou conhecido como bom lutador de box. Era um aluno inquieto, fazendo jus ao seu nome Rolihlahla, que em xhosa quer dizer "criador de problemas".

Aos 20 anos entrou para a universidade de Fort Hare, de onde foi expulso dois anos depois, por organizar um boicote às eleições estudantis. Em 1941, para escapar de um casamento forçado, fugiu para Johannesburgo, onde chegou a trabalhar como guarda de uma mina, antes de ingressar no curso de Direito da Universidade da África do Sul. É nesta época que conhece Walter Sisulu, que o apresentará mais tarde aos líderes do Congresso Nacional Africano (CNA), então uma simples associação.

Os problemas para Mandela e todos os negros aumentam com a
chegada do Partido Nacional ao poder, em 1948, com seu programa de segregação racial, o apartheid. O jovem advogado, então com 30 anos, assumiu a liderança de uma longa campanha de desobediência civil, promovendo greves e protestos. Movido pela visão de uma África do Sul igualitária, ele e outros ativistas dos direitos humanos adotaram os princípios de um estado não-racial, no qual a terra seria dividida entre os que nela trabalhassem, e que se tornaram cartilha do CNA.

Após divorciar-se da primeira mulher, Evelyn, Mandela casa-se em 1958 com Winnie Madikizela, com quem teve quatro filhos, dois meninos e duas meninas. A clandestinidade chegou depois do massacre de Sharpeville, quando dezenas de negros foram mortos a tiros pelas forças de segurança, quando pregavam pacificamente contra a Lei do Passe. Para conter novas mobilizações, o governo passou a banir organizações e manifestações políticas, prendendo todo aquele que pretendesse resistir. O episódio foi o estopim para que a questão do apartheid atraísse pela primeira vez a atenção da opinião pública mundial.

Mandela fundou o braço armado do CNA, passando a estimular e realizar sabotagens em todo o país. Caçado pelas autoridades, escapou durante 18 meses, disfarçando-se de operário, porteiro e garagista, mas sempre discursando para pequenos grupos clandestinos.

Preso no dia 4 de agosto de 1962, Mandela foi enviado para a prisão onde cumprira pena por cinco anos. No ano seguinte, contudo, foi, juntamente com outros líderes negros, acusado de traição e sabotagem. O processo durou sete meses e terminou no dia 12 de junho de 1964, uma terça-feira fria e cinzenta, com sua condenação à prisão perpétua. Dessa data em diante, Mandela seria um líder sem rosto, norteado por seu ideal.

Nos 18 anos seguintes, seria o prisioneiro 46664 e quebraria pedras na prisão da ilha de Robben, até ser transferido para a prisão de segurança-máxima de Pollsmoor, perto da Cidade do Cabo.

Apesar de ter suas ideias impedidas de publicação ou discussão, a obstinação de Mandela em não renunciar a seus princípios e a longa duração de seu cativeiro o transformaram no mais famoso e antigo preso político do mundo. Ele chegaria a recusar, em fevereiro de 1985, uma proposta do então presidente Pieter Botha para que condenasse o recurso à luta armada em troca de sua libertação.

Em agosto de 1988, foi transferido para o hospital de Tygerberg, na Cidade do Cabo, para tratar de uma tuberculose. Em meio a pressão interna e externa sobre o governo sul-africano, Mandela acabou levado para a luxuosa clínica Constantiabug, onde permaneceu até dezembro daquele ano, até ser transferido para a prisão agrícola de Victor Verster, 60km da Cidade do Cabo, onde viveria num bangalô até sua libertação.

O primeiro sinal concreto de que estava negociando sua libertação com o governo de minoria branca, foi o inédito encontro com Pieter Botha. A essa altura, visto por muitos brancos como a única esperança de uma solução pacífica para os conflitos que devastavam o país, Mandela não tinha mais sua liberdade condicionada à renúncia da luta armada.

Os capítulos finais da negociação da liberdade de Mandela foram feitos por fax, diretamente com Frederik de Klerk, novo presidente sul-africano. E finalmente, quase três décadas depois, o mundo pode ver novamente o rosto de um homem idolatrado através de fotos antigas e ideias permanentes.


A imagem que se apresentou quando o líder nacionalista negro atravessou o portão da penitenciária foi de um senhor de cabelos brancos, formalmente vestindo um terno cinza, que mesmo abatido, não hesitou em erguer os punhos, mostrando que não tinha se rendido ao tempo. A libertação de Mandela foi amplamente festejada pela África afora. Apesar do vitorioso desfecho, Mandela ainda teria um árduo caminho pela frente, como ele mesmo evidenciaria naquele mesmo dia 11 de fevereiro de 1990, no primeiro discurso após 27 anos, seis meses e seis dias de exclusão: "Amigos, camaradas e companheiros sul-africanos. Eu os saúdo em nome da paz, da democracia e da liberdade para todos. Estou aqui diante de vocês não como um profeta, mas como um humilde criado de vocês, do povo. Seu incansável e heroico sacrifício fez com que fosse possível eu estar hoje aqui. E por isso coloco os anos que me restam em suas mãos... Hoje, a maioria dos sul-africanos, negros e brancos, reconhece que o apartheid não tem futuro. Ele terá que acabar através da própria ação decisiva das massas, de modo a criar a paz e a segurança...

...Quero relembrar minhas palavras durante meu julgamento, em 1964. Elas são válidas hoje como àquela época. Eu disse: _ Lutei contra a dominação branca e lutei contra a dominação negra. Acalentei o desejo de uma sociedade democrática e livre em que todas as pessoas vivessem juntas, em harmonia e com iguais oportunidades. É um ideal pelo qual espero viver, e ver se concretizar. Mas se for necessário, é um ideal pelo qual estou dispostos a morrer. Amandla!"


Disposto a brigar pela negociação da liberdade de outros quase 400 presos políticos, detidos por conspiração contra o Governo, dos quais, 14 condenados à prisão perpétua, como era o caso dele, Mandela tinha na discrepante realidade de seu país o maior entrave ao cumprimento do seu papel conciliador: um quinto da população - a minoria branca - dominava 90% do território do país, restando 10% ao controle da população negra (grande parte da qual sequer havia nascido quando da prisão de Mandela); um austero regime separatista; e não fosse o bastante, sanguinários conflitos entre grupos negros rivais.

O processo de negociação com o Governo seria lento e exaustivo, sendo interrompido diversas vezes, por episódios de violência extrema. Um deles levaria Mandela a pedir a intervenção da ONU, em junho de 1992. Nessa época, já eleito presidente do CNA, realiza viagens por vários países, dando novas dimensões ao seu trabalho pelo fim pacífico do regime do apartheid e por estabelecer os princípios para uma nova África do Sul democrática. Êxito reconhecido com a conquista do Prêmio Nobel da Paz de 1993 (dividido com de Klerk).

No dia 22 de dezembro de 1993, em sessão histórica, o Parlamento aprova nova Constituição da África do Sul, instituindo legalmente a igualdade racial no país, dando fim ao regime separatista. A cerimônia aconteceu em Sharpeville: "Das várias Shapervilles produzidas em nossa história, nasceu a determinação de que o respeito pela vida, pela liberdade e pelo bem estar deve ser preservado acima do poder de qualquer força".

A constituição abria caminho para os negros chegarem ao poder nas eleições seguintes, multipartidárias e multirraciais. A perspectiva não agradou os partidos brancos de extrema direita e nem conservadores negros. Mas prevaleceu a vontade da maioria, não só da África, mas de todo o mundo.

E o dia da redenção chegou. Era uma manhã de sol à pino, quando Nelson Mandela se tornou o primeiro presidente negro da África do Sul. Num auditório lotado por 5 mil pessoas, a festa da vitória redimiu a minoria branca que durante quase meio século segregou e humilhou os negros com a política do apartheid, trouxe dignidade para a África do Sul que até pouco tempo foi castigada com o boicote da comunidade internacional, e deu poder aos oprimidos. Do presidente cubano Fidel Castro, e o líder da Organização para a Libertação da Palestina, Yasser Arafat, à primeira-dama dos EUA, Hillary Clinton, chefes de estado e representantes de diferentes ideologias participaram da cerimônia de posse, onde Mandela sentenciou novos tempos: "Só essa tolerância nos permitiu chegar até hoje. Por isso, eu convido, vamos esquecer, integrar, perdoar. Vamos fazer o que ninguém mais fez no mundo".

O governo de Mandela deu continuidade à proposta de proporcionar a transição para a democracia multirracial e teve na criação da Comissão da Verdade e Reconciliação sua maior realização. Coube a ela apurar, mas não punir, os fatos ocorridos durante o apartheid e assegurar à minoria branca um futuro no país. Ao longo dos cinco anos de seu mandato, Mandela sofreu duras críticas, inclusive por segmentos aliados, por não conseguir melhorar a vida da maioria da população, em condições de pobreza degradante.

Fonte:http://www.jblog.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário