Movimentos repudiam criação de efetivo para conter manifestações em SP
- Estados do Brasil:
Cento e vinte homens foram treinados com técnicas de artes marciais para atuar em atos públicos. Para ativistas, medida demonstra intenção do governo paulista de agir com truculência
29/11/2013
Gisele Brito,
Movimentos sociais declararam repúdio à iniciativa do comando da Polícia Militar do Estado de São Paulo
de criar um efetivo para atuar em manifestações de rua. O coronel
Benedito Roberto Meira, comandante da instituição, afirmou durante
evento organizado ontem (28) pelo jornal O Estado de S. Paulo que o efetivo terá 120 homens jovens, com mais de 1,80 metro e treinados em artes marciais. O grupo irá reforçar as forças de repressão que atuam em manifestações na cidade.
Atualmente, policiais montados em cavalos, pilotando motocicletas, da Tropa de Choque e da Força Tática são destacados para os protestos, além do efetivo de patrulhamento.
Segundo
assessoria de comunicação da PM, o efetivo não tem data para começar a
atuar. O treinamento nas técnicas de luta é comum a todos os soldados,
sargentos e oficiais e amplia as alternativas disponíveis ao
profissional de segurança pública,
de acordo com a assessoria. Mas, para ativistas, as características
da
capacitação representam a disposição do Estado de agir com violência.
“A
própria seleção já indica isso. E essa não é uma resposta que
esperamos. É uma resposta militar”, afirma o advogado do grupo Advogados
Ativistas, André Zanardo. “Quem selecionava gente com mais de 1,80
metro era Hitler para a SS. Agora vemos o governador Geraldo Alckmin
fazer o mesmo contra a população”, compara.
“É um governo sem compromisso com o povo. Com isso, eu não tenho sombra de dúvida
que nós temos que nos preparar para o enfrentamento”, acredita o
coordenador da Central de Movimentos Populares, Luiz Gonzaga, o Gegê.
“Ano que vem terá muita pancadaria. Isso se não matarem alguém. Porque a
tática deles é amedrontar o povo. Mas isso não resolve. O que resolve
são políticas sociais”, defende.
Para Mariana Félix, integrante do
Movimento Passe Livre, responsável pela organização das manifestações
do começo de junho, quando se intensificaram os atos de rua em todo o
país, a resposta do governo
do estado foi um conjunto de ações para reprimir a articulação da
população. Nesse sentido foi aprovada ontem a criação de uma comissão
especial mista no Congresso para regulamentar dispositivos
constitucionais ainda pendentes de um projeto de lei que tipifica e
penaliza atos de terrorismo no Brasil e para proibir máscaras em
manifestações. “Não entendemos o porquê de os governos direcionarem
tanto dinheiro para reprimir e não para atender às demandas sociais”,
diz.
Foto: Midia Ninja
Fonte: brasildefato
Nenhum comentário:
Postar um comentário