"Querem transformar quem cumpre a lei em réu", diz Cardozo sobre caso Siemens
Ministro da Justiça refutou denúncias de manipulação de documentos
Terra
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reagiu em tom de
indignação às denúncias de manipulação de documentos do caso Siemens. Em
evento no Supremo Tribunal Federal
(STF), Cardozo afirmou que não vai se intimidar com as acusações e que
vai manter as investigações sobre a formação de cartel e fraude nas
licitações de trens do Estado de São Paulo.
“Acho lamentável que queiram transformar quem cumpre a lei em réu apenas
pelo fato de que existe uma investigação. A maior parte dos países em
que houve esse escândalo já investigou, já puniu pessoas envolvidas, o Brasil ainda caminha lentamente. Pedi à Polícia Federal
que apurasse, recebi uma denúncia e pedi que avaliasse, nada mais do
que isso. Há pessoas que parece que não querem investigar, que querem
descontar as coisas”, disse o ministro, acrescentando que ainda hoje
anunciará novas medidas sobre o caso.
Na terça-feira, líderes do PSDB acusaram o PT de forjar documentos que
foram entregues por Cardozo à Polícia Federal para incriminar os tucanos
e atenuar o impacto das prisões de petistas envolvidos com o esquema do
mensalão. Alguns dos documentos que vieram à tona agora eram conhecidos do Ministério Público de São Paulo desde 2009.
Em junho, a PF anexou esse conjunto de papéis ao inquérito que investiga a atuação de um grupo de empresas,
entre elas a Siemens e a Alstom, que teria combinado preços em
licitações do Metrô e da CPTM desde 1998, num período em que o Estado
foi administrado por sucessivos governos do PSDB, como Mário Covas,
Geraldo Alckmin e José Serra.
"Querem criar uma situação contra quem cumpre a lei e acusar para
afastar, para tirar o foco de uma investigação séria. E se alguém pensa
que vai intimidar o Ministério da Justiça,
a Polícia Federal, vamos continuar cumprindo, como eu cumpro, a lei que
determina investigação criteriosa, imparcial”, disse Cardozo.
Em resposta às acusações, lideranças petistas passaram a acusar os tucanos de antecipar a campanha eleitoral
do ano que vem. Ontem, o vice-presidente da República, Michel Temer,
criticou o clima de briga política entre os partidos e defendeu a
postura de Cardozo.
“(Temer) está correto. Ele é jurista e sabe que o ministro da
Justiça tem o dever de enviar denúncias para serem apuradas. E esse é
meu papel e de qualquer ministro da Justiça que não quer ser um
engavetador com no passado já houve”, disse o ministro.
Uma das principais críticas dos petistas é em relação ao procurador da
República Rodrigo de Grandis, acusado de engavetar um pedido de
colaboração de procuradores suíços no caso Siemens. Segundo De Grandis,
que contou que o documento foi guardado numa gaveta errada e, por isso,
arquivado indevidamente, houve uma "falha administrativa" na
Procuradoria de São Paulo. O pedido ficou longe do conhecimento do órgão
por dois anos e oito meses.
Fonte: istoe
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