Um dia antes de invasão, Hamas propôs condições para trégua de dez anos com Israel
Reprodução
Felipe Amorim
Um dia antes de o governo israelense ter decido invadir Gaza por terra,
algo que não acontecia desde 2009, o Hamas entregou ao Egito uma lista
com dez condições para que fosse atingida uma trégua de dez anos. A veiculação da lista, na quarta-feira (16), veio após as informações de que o Hamas oficialmente rejeitava a proposta de cessar-fogo egípcia, que havia sido aceita por Israel.
Grupo
político que controla a Faixa de Gaza e cujo braço armado lança
mísseis contra o território israelense, o Hamas afirma ter ficado à
margem das negociações mediadas pelo Egito, país que mantém relações
razoavelmente boas com o governo de Tel Aviv a ponto de permitir uma ligação telefônica
entre o presidente egípcio, Abdel Fattah Al Sisi, e o premiê Benjamin
Netanyahu para discutir a trégua, contato mantido em segredo até pouco
tempo.
Vale notar que o ex-general Al Sisi foi quem comandou, em
2013, o golpe militar contra o presidente Mohammed Mursi, da Irmandade
Muçulmana, grupo islamita próximo ao Hamas.
Tanto o Hamas quanto
o movimento palestino da Jihad Islâmica estão convencidos de que
Israel participou da elaboração do cessar-fogo, motivo pelo qual foi
aceito tão rapidamente por Netanyahu. Pior ainda, o Hamas afirma que
ficou sabendo do rascunho de trégua através da própria imprensa, o que
enxergou como uma tentativa de "humilhar' a organização, segundo
reporta o Haaretz.
O jornal israelense Maa'riv, citando fontes palestinas, afirma
que a lista do Hamas foi entregue a mediadores egípcios e que a
trégua
duraria dez anos, caso Israel aceitasse as condições — que têm, como um
dos pontos principais, uma demanda antiga de Gaza, a existência de
garantias internacionais certificando o cumprimento do acordo. Não há
confirmações oficiais que verifiquem o recebimento da lista por Cairo,
além das declarações de Ismael Haniyeh, líder político do Hamas em Gaza;
Khaled Meschaal, líder político do Hamas fora de Gaza; e Izz al Din,
porta-voz das Brigadas de Al Qassam, braço armado do Hamas.
Outra fonte palestina que sustenta a lista
elaborada pelo Hamas é Azmi Bishara, ex-parlamentar em Israel e
ex-secretário-geral do partido árabe-israelense Balad, obrigado a deixar
o país em 2007 por acusações de envolvimento com o Hezbollah. Falando
em nome do Hamas para a emissora Al Jazeera, Bishara também disse ontem que Israel só aceitou a trégua humanitária de cinco horas pedida pela ONU (Organização das Nações Unidas) para legimitar bombardeios futuros, como acabou ocorrendo poucas horas depois.
A seguir, veja a lista com as dez condições apresentadas conjuntamente pelo Hamas e pelo movimento palestino da Jihad Islâmica:
• retirada dos tanques israelenses da fronteira com Gaza;
• libertação de todos os palestinos presos na operação que se seguiu à morte dos três adolescentes judeus ultraortodoxos, no final de junho;
• suspensão do cerco e abertura da fronteira para fluxo de pessoas e comércio;
• criação de um porto e um aeroporto internacionais sob supervisão da ONU;
• extensão de 10 quilômetros na zona permitida para pescaria no litoral palestino;
• internacionalizar a fronteira de Rafah (Gaza-Egito) e colocá-la sob supervisão da ONU e de nações árabes;
• presença de tropas internacionais nas fronteiras;
• flexibilizar as condições para que muçulmanos acessem para orações a Mesquita de Al Aqsa [o terceiro local mais importante na religião muçulmana e localizado na parte antiga de Jerusalém, controlada por Israel];
• proibição de interferências israelenses no processo político palestino, bem como no processo de reconciliação; e,
• restabelecer as zonas industriais de Gaza e melhorar o desenvolvimento na região
• libertação de todos os palestinos presos na operação que se seguiu à morte dos três adolescentes judeus ultraortodoxos, no final de junho;
• suspensão do cerco e abertura da fronteira para fluxo de pessoas e comércio;
• criação de um porto e um aeroporto internacionais sob supervisão da ONU;
• extensão de 10 quilômetros na zona permitida para pescaria no litoral palestino;
• internacionalizar a fronteira de Rafah (Gaza-Egito) e colocá-la sob supervisão da ONU e de nações árabes;
• presença de tropas internacionais nas fronteiras;
• flexibilizar as condições para que muçulmanos acessem para orações a Mesquita de Al Aqsa [o terceiro local mais importante na religião muçulmana e localizado na parte antiga de Jerusalém, controlada por Israel];
• proibição de interferências israelenses no processo político palestino, bem como no processo de reconciliação; e,
• restabelecer as zonas industriais de Gaza e melhorar o desenvolvimento na região
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