Alckmin tem lista pronta com mais 300 demissões no Metrô
Apesar de ameaça de greve, governador assegurou que São Paulo terá transporte na abertura da Copa
AE
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), assegurou nesta
terça-feira, 10, que a cidade de São Paulo terá metrô nesta
quarta-feira, 12, na abertura da Copa do Mundo, apesar da ameaça de os
metroviários retomarem a paralisação das linhas, em assembleia à noite,
por causa da demissão confirmada de 42 funcionários. "Nós teremos tanto o
Metrô quanto a CPTM (os trens)", ressaltou. "É difícil, aliás, você ter
um estádio (como o Itaquerão) que tenha, na porta, uma linha de metrô, a
3 (Vermelha) e uma linha de trem, que é a linha 11 da CPTM." Caso haja
problemas, o governo já preparou uma lista - que teria até 300
funcionários que participaram da greve e podem também ser demitidos.
A ameaça é vista por integrantes do Sindicato dos Metroviários como
um plano de contenção de uma nova greve. A lista até já teria sido
apresentada a líderes sindicais. Atualmente, o Metrô tem um quadro com
9,5 mil funcionários - 7,5 mil são operadores, supervisores, pessoal
ligado à manutenção e condutores. Dessa forma, o governo não teme falta
de pessoas capazes de conduzir os trens, mesmo se tiver de demitir 300
funcionários.
Alckmin voltou a ressaltar nesta terça que as demissões não serão
revistas - 42 metroviários foram mandados embora por justa causa. O
argumento usado pelo governo foi de que cometeram "abusos" durante os
protestos. "Nenhum grevista foi demitido. As demissões ocorridas foram
em razão de outros fatos graves, como invasão de estação, depredação,
vandalismo", disse o governador, após discursar na abertura do Fórum
Empresarial América Latina Global, no Auditório Ibirapuera.
O governador ainda considera que a discussão trabalhista com os
metroviários se encerrou com o dissídio e não haverá novas negociações.
"Ficou muito superior à inflação (o reajuste salarial), com ganhos reais
que dificilmente uma categoria teve." E ressaltou que "o governo do
Estado tem o dever de garantir a 5 milhões de pessoas que querem
trabalhar e precisam do metrô".
Além disso, o governador também tem lembrado que a greve foi
considerada "ilegal" e "abusiva" pela Justiça no domingo e "decisão
judicial se cumpre". "Espero que (o metrô) não pare (amanhã). Não tem
nenhum sentido. Seria um enorme oportunismo, exatamente no dia da
abertura da Copa, fazer greve", disse.
Para ele, também só ocorrerá conflito perto das linhas - a exemplo
do que aconteceu na segunda-feira na Estação Ana Rosa, quando a Tropa de
Choque confrontou grevistas na Rua Vergueiro - caso "haja um grupo
querendo fazer bagunça pela bagunça, caos pelo caos". O governador
afirmou também que não considera que protestos possam atrapalhar o
Mundial. "Nós vamos ter uma bela festa. O mundo inteiro está
acompanhando, vamos torcer pelo Brasil", afirmou.
Metroviários
Em clima de indignação, o Sindicato dos Metroviários aposta ainda
na possibilidade de uma audiência de conciliação nesta quarta-feira, 11,
no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). A expectativa é que a Justiça
solicite ao governo Geraldo Alckmin o cancelamento das demissões. Mas o
TRT não havia recebido nenhum pedido formal de audiência até o início da
noite de terça.
O sindicato acusa o governo paulista de reagir de forma
intransigente e truculenta, destacando o desmonte do piquete na Estação
Ana Rosa. O presidente da entidade, Altino de Melo Prazeres, afirmou
ainda que os demitidos foram escolhidos como parte de uma "retaliação
política" de Alckmin, pois todos têm participação ativa nas ações
sindicais. Ele falou que a estratégia é para intimidar a classe
trabalhadora.
"A categoria está indignada com as demissões, existe uma revolta
com a atitude do governador", afirmou Prazeres. Ele ressaltou ainda ter o
apoio de várias centrais sindicais, incluindo Força Sindical, Conlutas,
União Geral dos Trabalhadores (UGE), Central Única dos Trabalhadores
(CUT) e Confederação dos Trabalhadores do Brasil (CTB).
Prazeres afirmou ainda que recebeu ontem a ligação do presidente do
Tribunal Superior do Trabalho (TST), Barros Levenhagen, que se mostrou
"sensível" à situação dos metroviários. O presidente da entidade também
esclareceu que recorrerá das multas impostas pelo TRT à entidade e ao
sindicato dos engenheiros do Metrô pelos cinco dias de paralisação, que
somariam R$ 900 mil. "É uma multa para fazer o sindicato falir, porque
não temos tantas fontes de recursos para pagá-la, já que devolvemos a
nossa parte do imposto sindical para os trabalhadores."
Na terça, o TRT chegou a pedir o bloqueio das contas bancárias do sindicato. O motivo seria garantir o pagamento das multas.
Fonte:http://www.istoe.com.br
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