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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Policiais que invadiram Favela do Moinho foram em busca de propina,

Policiais que invadiram Favela do Moinho foram em busca de propina, afirmam moradores


Rafael Bonifácio
Policiais civis invadiram a comunidade na noite desta terça-feira (25), revistaram vários barracos e "esculacharam os moradores"; PM avançou com repressão após protesto

Igor Carvalho
Na última terça-feira (25), pouco tempo após as 16h, três policiais do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), em um carro preto,teriam invadido a favela do Moinho disparando tiros para o alto, segundo os moradores, que reagiram e apedrejaram o carro. Os agentes, então, foram obrigados a sair.
Pouco tempo depois, os mesmos policiais retornam ao local com reforço e novamente invadiram a comunidade. Dessa vez, um homem  – ainda não identificado – foi preso. As moradias da comunidade foram revistadas e, segundo os moradores, “muitas pessoas foram esculachadas”. Na saída, mais tiros.
“Eles atiraram contra a gente, é um milagre ninguém ter morrido aqui. Fui chamada de vagabunda”, afirma Alessandra Moga, líder comunitária. Na entrada da favela, era possível ver inúmeras cápsulas de balas de pistola .40.
O especialista em segurança pública Guaracy Mingardi afirma que a operação foi “equivocada”. “Mesmo que os policiais não tenham entrado atirando, o simples fato de uma operação provocar toda essa reação mostra uma inépcia do comando. A operação tem que ser discreta. Se tem mandado de prisão, vai com efetivo policial, entra todo mundo, rapidamente, sem violência e prende o suspeito.”
Caio Castor, um dos líderes da comunidade, concorda com Mingardi. “Se eles tivessem chegado, se identificado, e
nos informassem o que está acontecendo, não teria tido as consequências que tiveram. Eles perderam o controle.”
Para o especialista, a operação só aconteceu dessa forma porque era uma favela. “Se fosse em outro local, a ação seria discreta, o que é um absurdo. A polícia deveria agir da mesma forma em qualquer lugar. A atual direção do Denarc não é das mais habilidosas.”
“Arrego”
Moradores ouvidos pela reportagem do SPressoSP afirmam que os três policiais que chegaram primeiro ao local queriam pegar o “arrego” – propina recebida de traficantes.
“Eles estavam atrás do “arrego” e não conseguiram, mas já tinham feito muito barulho. Foi aí que tiveram que sair e buscar apoio, para justificar a merda”, afirma um morador que preferiu não se identificar.
No dia 24 de janeiro deste ano, a “Folha de S. Paulo” revelou que dois policiais da Polícia Civil, sendo um do Denarc, estão sendo investigados pela Corregedoria sob suspeita de comandar o tráfico na região conhecida como Cracolândia. A revelação veio após outra controversa operação da PC no local, que quase prejudicou o andamento do programa “De Braços Abertos”, da Prefeitura paulistana.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou que os agentes foram recebidos com tiros e que não houve “truculência por parte dos policiais”. A reação dos moradores, segundo a SSP, teria sido em função de uma prisão efetuada no local e não de tiros disparados pelos agentes.
O homem preso seria “segurança dos traficantes”, segundo a SSP, e a operação no local resultou na apreensão de 259 porções de cocaínas e 150 pedras de crack.
Protestos e repressão policial
Revoltados com a operação da Polícia Civil, moradores do Moinho carregaram sofás, sacos de lixo, colchões e madeiras para a avenida Rio Branco – que fica ao lado da comunidade – e fecharam os dois sentidos da via, após atearem fogo nos objetos. (Veja vídeo)

Aproximadamente 30 minutos depois, a Polícia Militar chegou ao local para dispersar cerca de 100 moradores que protestavam. Sem qualquer negociação com as lideranças, os agentes começaram a atirar bombas de gás lacrimogêneo e disparar balas de borracha contra os manifestantes.
Uma mulher, atingida por uma das bombas, teria sofrido convulsão no local. “Ainda não sabemos a identidade dela, mas ela foi levada pelo carro de reportagem da CBN para o hospital”, afirma Castor (até o fechamento desta matéria não foi possível apurar quem seria a vítima e para onde foi levada).
Após 20 minutos de correria, o protesto acabou, os bombeiros chegaram para apagar o fogo e a avenida foi liberada. Moradores reclamaram da falta de negociação e da truculência policial.

Fonte: Brasil de Fato

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