Economistas analisam inflação para 2014
A inflação preocupou no ano passado, mas, neste ano, não
deve chegar a ser um problema, acreditam especialistas. A revista britânica
Economist, contudo, afirmou que o ano não começou bem para Dilma com o
anúncio de que a inflação teve a maior alta em dezembro nos últimos 10 anos,
alertando para uma situação “insustentável”.
De acordo com Ernane Galvêas, economista e consultor,
ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda, há um exagero na
preocupação com a inflação de 6% no Brasil. Há dez anos, diz, a inflação do IPCA gira em torno de 6%
e, ao que tudo indica, vai continuar assim, em 2014.
“Em 2013, a
inflação reprimida, com preços controlados pelo Governo, ficou em 1,0%, enquanto
os preços livres subiram 7,5%. Na medida em que sejam liberados os preços dos
combustíveis, da energia elétrica e do transporte urbano, a situação pode piorar. Entretanto, os preços do
petróleo e outros preços internacionais vão continuar estáveis. Também a
próxima safra agrícola deve contribuir para segurar os preços dos alimentos”, analisa.
Pedro Rossi,
professor doutor do Instituto de Economia da Unicamp, acredita que a inflação
vai ser muito menos preocupante em 2014 do que foi no ano passado. Ele ressalta a forte pressão de
preços na virada de 2012 para 2013, que afetou fortemente o desempenho dos
preços no ano passado, mas que não se repetirá neste ano.
“Dois mil e treze
já começou com uma
inflação forte, por conta do choque dos alimentos. Também
teve a desvalorização cambial, que foi alta. Isso gerou uma pressão
sobre a inflação. Mas também teve um arrefecimento no preço de
commodities. Em termos de repasse cambial, vai ser menor neste ano que no ano passado.
Então, em 2014, a inflação vai ser menos importante que no ano passado, não
deve convergir à meta, mas deve ser menor que os 5,9% do ano passado”, acredita.
Bruno de Conti,
também professor da Unicamp, também reforça o peso dos alimentos e do câmbio.
A inflação, todavia, ainda é boa. “Não dá para dizer que a inflação deste ano vai
ser muito menor que de 2013, mas acho que há certo exagero nas expectativas.
Talvez a gente consiga em 2014 um acumulado um pouco menor que o do ano passado”.
Alexandre Espírito Santo, economista da Simplific Pavarini e
professor de economia do Ibmec-RJ, por sua vez, acredita em uma inflação
acima de 6,3%, o que, ressalta, é abaixo do teto da meta, de 6,5%, mas que já
se configura como algo perigoso. Para o economista, o ideal é que o Banco
Central receba “uma ajuda do governo”, que seria fazer uma política fiscal mais
austera, o que, pondera, é difícil em um ano eleitoral.
O
professor de macroeconomia da ESPM Rio, Roberto Simonard,
alerta que a inflação, que vem numa tendência de alta, deve continuar na
mesma tendência. Lembra que a grande maioria dos economistas e o
próprio mercado
acreditam que a Copa do Mundo e as eleições são eventos que vão
pressionar a
inflação para cima. "Se não
houver cuidado, atenção por parte das autoridades, pode haver problemas. A
tendência para que a inflação deste ano seja maior é forte, a postura do
governo então é fundamental”.
Fonte: Jornal do Brasil
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