Política
São Paulo
Em relatório, ex-diretor da Siemens aponta caixa 2 de PSDB e DEM
Entregue ao Cade em abril, documento é primeiro oficial sobre propinas para políticos ligados a governos do PSDB que vem a público
por Redação
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publicado
21/11/2013
Esquema de corrupção no estado de São Paulo teria ocorrido durante os governos Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra
Um documento entregue em 17 de abril ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), ligado ao Ministério da Justiça,
comprova que o ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer disse possuir
"documentos que provam a existência de um forte esquema de corrupção no
estado de São Paulo durante os governos (Mário) Covas, (Geraldo) Alckmin
e (José) Serra, e que tinha como objetivo principal o abastecimento do
caixa 2 do PSDB e do DEM".
Segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo, o ex-diretor da empresa
alemã diz ainda que o atual secretário da Casa Civil do governo Geraldo
Alckmin (PSDB), o deputado licenciado Edson Aparecido (PSDB), foi
apontado pelo lobista Arthur Teixeira como recebedor de propina das
multinacionais suspeitas de envolvimento com o cartel dos trens em São
Paulo, no período que vai de 1998 a 2008.
O ex-executivo, que é um dos seis responsáveis por assinar um
acordo com o Cade no qual a empresa alemã revela as ações do cartel de
trens, cita ainda o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), aliado tucano,
como mais um beneficiário.
O relatório entregue ao Cade em abril é primeiro documento oficial
que faz referência a supostas propinas para políticos ligados a
governos do PSDB que vem a público. Até então, o Ministério Público e a
Polícia Federal apenas apontavam suspeitas de corrupção envolvendo
ex-diretores de órgãos estatais, como a Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos (CPTM).
No documento, Rheinheimer descreve o cartel como "um esquema de
corrupção de grandes proporções, porque envolve as maiores empresas
multinacionais do ramo ferroviário como Alstom, Bombardier, Siemens e
Caterpillar e os governos do Estado de São Paulo e do Distrito Federal".
O texto faz menção também ao senador Aloysio Nunes
Ferreira (PSDB-SP), e aos secretários estaduais José Aníbal (Energia),
Jurandir Fernandes (Transportes Metropolitanos) e Rodrigo Garcia
(Desenvolvimento Econômico). Os quatro políticos são citados pelo
ex-diretor da Siemens como "envolvidos com a Procint", do lobista Arthur
Teixeira e suspeita de intermediar propina a agentes públicos, segundo o
MP e a PF.
Ele apontou ainda o vice-governador do Distrito Federal, Tadeu
Filippelli (PMDB), e o ex-governador do DF José Roberto Arruda como
"políticos envolvidos com a MGE Transportes (Caterpillar)". A MGE é
apontada, tanto
pelo MP quanto pela PF, como uma outra rota da propina,
via subcontratações como fornecedora da Siemens e de outras companhias
do cartel.
Rheinheimer diz, por fim, ser o autor da carta anônima que deu
início à investigação do cartel dos trens. Além disso, ele se diz
disposto a contar o que sabe, mas sugere receber em contrapartida sua
nomeação para um alto cargo na mineradora Vale.
O documento com as acusações foi enviado pelo Cade à Polícia Federal e
anexadas ao inquérito que investiga o cartel em São Paulo e no Distrito
Federal. Rheinheimer foi diretor da divisão de Transportes da
Siemens, empresa na qual trabalhou por 22 anos, até março de 2007. Ele
prestou depoimento à PF em regime de colaboração premiada - em troca de
eventual redução de pena ou até mesmo perdão judicial.
Fonte: http://www.cartacapital.com.br
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