Merkel: relações com EUA foram gravemente abaladas devido à espionagem
BRUXELAS - As suspeitas de que governos e cidadãos europeus foram
espionados pelos Estados Unidos abalam seriamente as relações entre o
continente e o país, afirmou a chanceler federal alemã, Angela Merkel,
nesta sexta-feira, em Bruxelas. O tema dominou a reunião de cúpula da
União Europeia que
ao seu fim emitiu um comunicado afirmando que a
desconfiança dos EUA poderia prejudicar a luta contra o terrorismo e a
cooperação para a coleta de informações.
- A confiança precisa ser restabelecida - disse Merkel, que teria
tido o celular monitorado pela Agência Nacional de Segurança (NSA, em
inglês). - Obviamente palavras não serão suficientes. Uma verdadeira
mudança é necessária.
A reunião de dois dias foi realizada em meio
a denúncias de que 35 chefes de Estado teriam sido espionados, de
acordo com documentos vazados pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden.
Informações reveladas anteriormente pelo jornal “The Guardian” mostravam
ainda uma parceria da NSA com a GCHQ, sua correspondente no Reino
Unido.
A revolta e a preocupação com o assunto se refletiram no
documento final da UE. “A coleta de informações é um elemento vital na
luta contra o terrorismo”, afirmaram, e ela poderia ser afetada pela
falta de confiança entre as nações.
Alemanha e França tomaram a
frente do assunto e desejam se reunir com os EUA antes do final do ano
para conversar sobre o assunto. O presidente François Hollande pediu a
elaboração de um novo código de conduta entre os serviços de
inteligência na UE - o que levanta a questão se o Reino Unido iria
aderir, especula a imprensa britânica.
Uma série de acusações
contra a NSA veio à tona nesta semana, incluindo o monitoramento do
telefone celular da chanceler alemã, Angela Merkel. Na quinta-feira, ela
exigiu dos Estados Unidos um pacto de “não-espionagem” até o fim do
ano, apoiado por Paris, como maneira de interromper a vigilância de dois
dos mais próximos aliados de Washington.
Após o primeiro dia da
cúpula europeia, em Bruxelas, - onde foram discutidas acusações de que a
NSA teria, além de vigiado o celular de Merkel, acessado dezenas de
milhares de registros telefônicos franceses -, a chanceler afirmou que
queria uma ação do presidente americano, Barack Obama, e não apenas
“palavras”. Em nota emitida após o encontro, 28 líderes da UE disseram
que apoiam a proposta.
Depois que presidentes e ex-presidentes
descobriram terem sido pessoalmente espionados pela agência americana,
novos documentos revelados pelo jornal britânico “The Guardian” na
quinta-feira mostraram que no total 35 líderes mundiais foram vigiados.
As últimas revelações têm como base documentos vazados pelo ex-técnico
da CIA Edward Snowden, asilado na Rússia, aos quais o GLOBO teve acesso,
revelando o esquema de espionagem ao Brasil e diretamente à presidente
Dilma Rousseff.
Fonte: http://oglobo.globo.com
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