Juntos, o governo federal, os Estados e os municípios gastam
com juros de suas dívidas tanto dinheiro quanto o destinado à educação
no país.
A evidente distorção de prioridades pode ser observada no infográfico
abaixo, que relaciona as principais fontes de receita e as diferentes
finalidades das despesas públicas.
Analisar escolhas _ou fatalidades_ como essa será um dos objetivos
deste blog que estreia hoje, assim como os efeitos da tributação e do
gasto dos governos no cotidiano das famílias e das empresas.
Tanto a educação, primazia orçamentária mais consensual no país, como
os juros da dívida pública, muito mais um encargo do que uma opção,
consomem cada um algo como 5% de toda a renda do país.
A educação vem elevando gradualmente sua parcela nos últimos anos; a
conta financeira caiu no governo Dilma, mas está novamente em tendência
de alta.
A alocação de recursos para o ensino público no país é compatível com
a prática no resto do mundo; já o custo da dívida pública brasileira é
anormalmente elevado.
Países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico), na maioria ricos, gastam, em média, 5,6% do Produto Interno
Bruto com educação e 2,6% com juros.
O peso excessivo da dívida encoraja, especialmente na esquerda do
mundo político, propostas de interromper total ou parcialmente o
pagamento de juros, o que liberaria mais recursos para áreas mais
nobres.
Mesmo sem levar em conta as consequências econômicas de tal medida, é
possível demonstrar que seu potencial de geração de verbas é menor do
que parece.
Os governos brasileiros já gastam mais do que arrecadam _ou, em
outras palavras, estão sempre fazendo novas dívidas. A parcela da
receita de impostos destinada aos juros não chega a pagar metade da
conta.
Um hipotético calote da dívida, portanto, acabaria por reduzir as
possibilidades de expansão futura dos demais gastos, porque os credores
deixariam de financiar o deficit das contas públicas.
A escolha menos radical das administrações de Lula e Dilma foi
reduzir as taxas de juros para viabilizar o aumento dos gastos sociais e
dos investimentos.
Mas a estratégia também chegou a um limite quando a consequente alta
da inflação fez com que o Banco Central fosse obrigado a elevar
novamente os juros.
Fonte: http://dinheiropublico.blogfolha.uol.com.br
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