Política
Rosa dos Ventos
Alckmin atropela Aécio
por Mauricio DiasO conflito, em torno da eleição de 2018, está instalado no PSDB e pode ficar mais duro se José Serra entrar na disputa
Marcos Fernandes/Obritonews
As ambições não cabem no mesmo espaço
O ninho tucano pega fogo. Quem soprou a brasa foi o
deputado estadual Pedro Tobias, recém-eleito presidente do diretório
paulista do PSDB. A posse de Tobias virou um ato quase oficial de
lançamento da candidatura do governador Geraldo Alckmin à Presidência da República em 2018.
O deputado fez o anúncio emoldurado por um gracejo
bisonho: “O País precisa de um médico porque está doente, corrompido”.
Não era blague. Formado em medicina, Alckmin seguiu o mote e mirou o PT:
“A política se exerce essencialmente com ética (...) Um partido
político se faz com ética”.
Quem não enxerga nessa obviedade um
roteiro planejado? A crise interna no PSDB, provocada pela longínqua
eleição presidencial de 2018, é maior do que supõe, e do que publica, a
vã filosofia da mídia. A ignorância é um objetivo calculado. Bloqueia a
informação e torna inocentes úteis os militantes tucanos e os próprios
quadros políticos do partido. Tudo se passa nos limites da cúpula
concentrada em São Paulo.
Aécio sentiu o impacto do ataque de Alckmin e
se abrigou
na circunstância política disponível. Ou seja, a antecipação da disputa
interna: “É confortador (...) termos no PSDB, em condições de disputar
as eleições e de vencê-las, nomes da estatura do governador de São
Paulo”. Alertou, porém: “Teremos a responsabilidade de não saltar
etapas”.
A regra, neste momento, é a de negar evidências. Restam,
no entanto, fatos. Não há condições de evitar ou mesmo de contornar a
situação. É frágil a responsabilidade invocada pelo presidente do
partido. Ele mesmo vai ignorar a restrição se preciso for.
Aécio Neves saiu chamuscado
da eleição de 2014. Sofreu duas derrotas em casa, para o PT, ao perder a
disputa pela Presidência da República e pelo governo de Minas Gerais.
Na perspectiva da competição interna os dias de agora também não lhe são
favoráveis. Derrotado na competição eleitoral, o senador mineiro pôs-se
a comandar praticamente sozinho, sem sucesso, os movimentos radicais
contra Dilma. Perdeu também esse “terceiro turno”.
O governador de São Paulo surgiu em cena e reagiu ao movimento pelo impeachment da presidenta. Frustrou os planos de Aécio.
Agora os dois estão novamente em lados opostos. Alckmin
atacou a proposta do fim da reeleição, que chamou de “mudancismo”, e a
redução da maioridade penal apoiada pelo colega de legenda.
São esses alguns fatos. Quem irá para a luta eleitoral? Geraldo Alckmin ou Aécio Neves? Ou, quem sabe, José Serra?
Serra, à margem do choque entre Aécio e Alckmin, é, por
ora, candidato de si próprio. Mantém, no entanto, o sonho no qual sempre
se intrometem os fantasmas de duas derrotas. Para Lula, em 2002, e para
Dilma, em 2010. O sonho, nesses momentos, vira pesadelo.
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