Venezuela inicia exercícios com anfíbios chineses e mísseis russos
Cerca de 100 mil
homens, com blindados anfíbios chineses e jatos e mísseis russo,
participam a partir deste sábado de dez dias de manobras militares
convocadas pelo presidente Nicolás Maduro, em um momento de alta tensão
bilateral com os Estados Unidos.
Tanque russo BMP-3, na base militar de Caracas, em 14 de março de 2015
O ministro venezuelano da Defesa, general Padrino Lopez (D), com um lançador de míssil …
Desembarque de homens da
Infantaria de Marinha em refinarias, prática de tiro de Brigadas
blindadas no oeste do país, na direção da fronteira com a Colômbia
(principal aliado dos EUA na sub-região) e exercícios com sofisticados
sistemas antiaéreos compõem as manobras - informou o ministro
venezuelano da Defesa, general Vladimir Padrino López.
Além disso,
grupos de operários da indústria de base (siderúrgicas, refinarias e
centrais elétricas) organizados em "unidades combatentes" fizeram hoje
simulações de defesa de seus locais de trabalho e de enfrentamento de
"sabotadores infiltrados".
Segundo o general Padrino López, 80 mil militares e 20 mil civis participam das manobras.
"Felicito
a FANB (Força Armada Nacional Bolivariana) e o
povo pelos exercícios
conjuntos", postou o presidente Maduro em sua conta no Twitter.
"União
cívico-militar para continuar tendo Pátria e que nossa terra sagrada
nunca seja tocada pela bota imperial. Que Viva a Venezuela 'Carajo'!!",
completou.
Neste sábado, "um exercício emblemático (...) em Puerto
Cabello com a Infantaria de Marinha e sua nova dotação de veículos
anfíbios", anunciou o ministro da Defesa, que acumula o cargo de chefe
do Comando Estratégico Operacional, unificando o controle político e
operacional das Forças Armadas.
Nessa zona de refinarias, serão
realizadas simulações de desembarque de 3.200 homens da Primeira Brigada
de Infantaria da Marinha, com os blindados anfíbios chineses recebidos
em janeiro, no âmbito de uma operação calculada em US$ 500 milhões.
Padrino
López relatou ainda que a "Força Aérea, junto com a defesa
aeroespacial, fazem exercícios para verificar a operacionalidade de
novos sistemas antiaéreos".
Nos últimos anos, a Venezuela recebeu
sistemas de mísseis terra-ar, especialmente os de fabricação russa BM-21
Grad e o sofisticado BM-30 Smerch, com calibre de 300 milímetros e
alcance de até 90 quilômetros, que se somaram aos antigos sistemas de
curto alcance Pechora 2M, também russos.
Durante todo o dia, a
televisão pública transmitiu, de diferentes pontos do país, imagens de
combates simulados entre blindados; de fragatas de combate Lupo, de
origem italiana, preparando-se para zarpar de emergência; e dos
operários das refinarias interceptando, ou controlando, suspeitos de
sabotagem.
Os exercícios também incluem a Guarda Nacional, que
treinará "aumentando o adestramento para o controle interno e para o
restabelecimento da ordem pública", explicou o ministro.
Unasul apoia Venezuela
Na
última segunda-feira, a Venezuela subiu o tom em relação aos Estados
Unidos, depois da ordem executiva anunciada pelo presidente americano,
Barack Obama. No texto, Obama classifica a situação venezuelana de
"ameaça incomum e extraordinária" à segurança e declarou "emergência
nacional" para enfrentá-la.
Em poucas horas, Maduro pediu ao
Legislativo poderes extraordinários para governar por decreto nas áreas
de Defesa e Segurança. A expectativa é que sejam aprovados neste domingo
em segunda e definitiva leitura.
Para evitar uma escalada
regional, a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) pediu ao governo dos
Estados Unidos, neste sábado, que anule as sanções impostas a
funcionários venezuelanos - de acordo com a declaração firmada pelos
chanceleres desse órgão.
A ordem executiva firmada por Obama foi considerada uma "ameaça intervencionista".
A
Unasul "solicita a derrogação da referida Ordem Executiva" expedida
pelo presidente Barack Obama na última segunda-feira, diz o texto
assinado pelos ministros das Relações Exteriores dos países-membros do
órgão regional, ao fim de uma reunião extraordinária em Quito.
A
medida "constitui uma ameaça intervencionista à soberania e ao princípio
de não ingerência nos assuntos internos de outros Estados", alegam os
chanceleres.
A Unasul reiterou seu apelo a que os governos "se
abstenham da aplicação de medidas coercitivas unilaterais que contrariem
o Direito Internacional" e pediu a Washington que "avalie e ponha em
prática alternativas de diálogo" com Caracas.
A nota insistiu em
que a situação na Venezuela deve "ser resolvida pelos mecanismos
democráticos" previstos em sua Constituição e manifestou seu apoio para a
realização das eleições legislativas previstas para setembro no país.
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