O voto nulo: protesto ou irresponsabilidade?
Aline Rebelo
“O que está em jogo é muito grande. Voto em Aécio é crime político contra os pobres e voto em branco ou nulo é omissão imperdoável neste momento da história”, diz Frei Sergio, do MPA
Por Bruno Pavan,
No primeiro turno, mais de 11 milhões de pessoas foram até as urnas, mas não escolheram nenhum candidato a presidente. A soma de brancos e nulos no último dia 6 alertou muitos para o desinteresse da população pelo pleito.
A opção de alguns movimentos é o voto nulo como modo de protesto contra o atual sistema político. Argumentam que nenhum dos candidatos possa fazer a reforma no capitalismo, já que ambos recebem financiamento das mesmas empresas e mantêm acordos políticos parecidos.
O professor da Universidade de São Paulo (USP), Pablo Ortellado, argumenta que entende esse posicionamento da esquerda, mas que devido ao cenário que está sendo posto nessa eleição “não parece responsável votar nulo”.
Já Thiago Pará, do Levante da Juventude, tem críticas fortes às organizações que pregam o voto nulo. Para ele, o discurso de “é tudo igual e tanto faz quem ganhar” é inconseqüente e o momento é de se tomar uma posição.
“O voto nulo, ineficaz como voto de protesto, é essencialmente um voto irresponsável. As organizações que hoje convocam voto nulo, ou mesmo deixam margem para esta opção, nada mais fazem que se abster de influenciar os rumos do país”.
Frei Sergio, do Movimento dos Pequenos Agricultores, também declara que não é hora de vacilações. “O que está em jogo é muito grande. Voto em Aécio é crime político contra os pobres e voto em branco ou nulo é omissão imperdoável neste momento da história”.
Douglas Belchior, da Uneafro, que confirmou voto em Dilma, argumenta que respeita o voto nulo, mas não concorda com ele na conjuntura do segundo turno.
“Mesmo que o número de votos nulos, somados aos brancos e às abstenções alcançassem índices ainda mais expressivos que os
do primeiro turno, não acredito que surgiria daí uma alternativa de esquerda com um projeto maduro e com apoio popular, capaz de substituir o que temos. Cabe a nós assumir nossas fragilidades e reconhecer a baixa adesão popular às ideias progressistas”.
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