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quinta-feira, 23 de outubro de 2014

O voto nulo

O voto nulo: protesto ou irresponsabilidade?

Aline Rebelo
“O que está em jogo é muito grande. Voto em Aécio é crime político contra os pobres e voto em branco ou nulo é omissão imperdoável neste momento da história”, diz Frei Sergio, do MPA

Por Bruno Pavan,

No primeiro turno, mais de 11 milhões de pessoas foram até as urnas, mas não escolheram nenhum candidato a presi­dente. A soma de brancos e nulos no úl­timo dia 6 alertou muitos para o desin­teresse da população pelo pleito.
A opção de alguns movimentos é o vo­to nulo como modo de protesto contra o atual sistema político. Argumentam que nenhum dos candidatos possa fa­zer a reforma no capitalismo, já que am­bos recebem financiamento das mes­mas empresas e mantêm acordos polí­ticos parecidos.
O professor da Universidade de São Paulo (USP), Pablo Ortellado, argumenta que entende esse posicionamento da es­querda, mas que devido ao cenário que está sendo posto nessa eleição “não pa­rece responsável votar nulo”.
Já Thiago Pará, do Levante da Juven­tude, tem críticas fortes às organizações que pregam o voto nulo. Para ele, o dis­curso de “é tudo igual e tanto faz quem ganhar” é inconseqüente e o mo­mento é de se tomar uma posição.
“O voto nulo, ineficaz como voto de protesto, é essencialmente um voto ir­responsável. As organizações que hoje convocam voto nulo, ou mesmo deixam margem para esta opção, nada mais fa­zem que se abster de influenciar os ru­mos do país”.
Frei Sergio, do Movimento dos Pe­quenos Agricultores, também declara que não é hora de vacilações. “O que es­tá em jogo é muito grande. Voto em Aé­cio é crime político contra os pobres e voto em branco ou nulo é omissão im­perdoável neste momento da história”.
Douglas Belchior, da Uneafro, que confirmou voto em Dilma, argumenta que respeita o voto nulo, mas não con­corda com ele na conjuntura do segun­do turno.
“Mesmo que o número de votos nulos, somados aos brancos e às abstenções alcançassem índices ainda mais expressi­vos que os
do primeiro turno, não acre­dito que surgiria daí uma alternativa de esquerda com um projeto maduro e com apoio popular, capaz de substituir o que temos. Cabe a nós assumir nossas fragi­lidades e reconhecer a baixa adesão po­pular às ideias progressistas”.

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