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domingo, 17 de novembro de 2013

Cine Holliúdy

Cultura

Cine Holliúdy

Sem se avexar

A obstinada missão de Francisgleydson em manter o hábito das salas de cinema de pequenas cidades nordestinas
Divulgação
holliudy
Francisgleydisson (Edmilson Chaves), um homem, uma missão
Cine Holliúdy, estreia da sexta 15, impôs um feito que o mercado nacional ainda tenta assimilar. Tanto mais no momento em que o filme escapa de seu território confortável, em sintonia com um público potencial do Nordeste, e começa a se instalar nos maiores circuitos do Sudeste do País. Uma das razões para a surpreendente plateia de 700 mil espectadores desde 9 de agosto, tratando-se de produção modesta de 1 milhão de reais e elenco desconhecido, é justo o que agora poderia limitá-la. De origem cearense, a comédia de Halder Gomes seria mais bem apreciada em casa e arredores, avaliação temerária da qual o diretor tira proveito com o tom debochado, alma de seu negócio.
Essa empreitada, distante daquela linha cômica vulgar de certa fatia do cinema nacional, Gomes leva para dentro do filme. Estamos, num recurso conhecido, mas genuíno, no filme dentro do filme, e se se quiser na memória do cinema dentro de outra. Pois o diretor inspira-se em sua vivência para retroceder aos anos 1970 e contar a obstinada missão de Francisgleydisson (Edmilson Filho) em manter o hábito das salas de pequenas cidades nordestinas. Como concorrente, a tevê que chega. Um universo de tipos populares então se constrói em torno, como o político aproveitador e seus asseclas, ansiosos pelo imaginário da arte. É nada mais do que foi preferência nacional, o gênero do kung fu.
Gomes afilia-se a movimentos da comédia ingênua, como a de Mazzaropi e dos Trapalhões. Mas sabe ter um diferencial e o cultiva espertamente, exemplar da malícia e sobrevivência do nordestino aos desafios. Para o linguajar que se qualificou de “cearensês” legendas foram providenciadas. Se não funcionar, haverá um pequeno dicionário também.

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