Cultura
Cine Holliúdy
Sem se avexar
A obstinada missão de Francisgleydson em manter o hábito das salas de cinema de pequenas cidades nordestinas
Divulgação
Cine Holliúdy, estreia da sexta 15, impôs um feito
que o mercado nacional ainda tenta assimilar. Tanto mais no momento em
que o filme escapa de seu território confortável, em sintonia com um
público potencial do Nordeste, e começa a se instalar nos maiores
circuitos do Sudeste do País. Uma das razões para a surpreendente
plateia de 700 mil espectadores desde 9 de agosto, tratando-se de
produção modesta de 1 milhão de reais e elenco desconhecido, é justo o
que agora poderia limitá-la. De origem cearense, a comédia de Halder
Gomes seria mais bem apreciada em casa e arredores, avaliação temerária
da qual o diretor tira proveito com o tom debochado, alma de seu
negócio.
Essa empreitada, distante daquela linha cômica vulgar de certa fatia do cinema nacional, Gomes leva para dentro do filme. Estamos, num recurso conhecido, mas genuíno, no filme dentro do filme, e se se quiser na memória do cinema dentro de outra. Pois o diretor inspira-se em sua vivência para retroceder aos anos 1970 e contar a obstinada missão de Francisgleydisson (Edmilson Filho) em manter o hábito das salas de pequenas cidades nordestinas. Como concorrente, a tevê que chega. Um universo de tipos populares então se constrói em torno, como o político aproveitador e seus asseclas, ansiosos pelo imaginário da arte. É nada mais do que foi preferência nacional, o gênero do kung fu.
Gomes afilia-se a movimentos da comédia ingênua, como a de Mazzaropi e dos Trapalhões. Mas sabe ter um diferencial e o cultiva espertamente, exemplar da malícia e sobrevivência do nordestino aos desafios. Para o linguajar que se qualificou de “cearensês” legendas foram providenciadas. Se não funcionar, haverá um pequeno dicionário também.
Essa empreitada, distante daquela linha cômica vulgar de certa fatia do cinema nacional, Gomes leva para dentro do filme. Estamos, num recurso conhecido, mas genuíno, no filme dentro do filme, e se se quiser na memória do cinema dentro de outra. Pois o diretor inspira-se em sua vivência para retroceder aos anos 1970 e contar a obstinada missão de Francisgleydisson (Edmilson Filho) em manter o hábito das salas de pequenas cidades nordestinas. Como concorrente, a tevê que chega. Um universo de tipos populares então se constrói em torno, como o político aproveitador e seus asseclas, ansiosos pelo imaginário da arte. É nada mais do que foi preferência nacional, o gênero do kung fu.
Gomes afilia-se a movimentos da comédia ingênua, como a de Mazzaropi e dos Trapalhões. Mas sabe ter um diferencial e o cultiva espertamente, exemplar da malícia e sobrevivência do nordestino aos desafios. Para o linguajar que se qualificou de “cearensês” legendas foram providenciadas. Se não funcionar, haverá um pequeno dicionário também.
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