Bancários decidem ampliar greve; mais de 10 mil agências fecharam em 8 dias
Em oito dias de greve,
completados nessa quinta-feira (26), os bancários paralisaram as
atividades em mais de 10 mil agências e centros administrativos de todo o
país. Em reunião de balanço, o Comando Nacional dos Bancários decidiu
ampliar a greve para forçar os banqueiros a apresentarem uma nova
proposta que contemple as reivindicações econômicas e sociais dos
trabalhadores.
De acordo com a Confederação
Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), esta já é a
maior paralisação dos últimos anos e deve continuar crescendo em todo o
país, porque a categoria está indignada com a postura intransigente dos
bancos.
Os bancários também aprovaram uma nota
oficial reafirmando a decisão de intensificar a greve, manifestando a
disposição de negociação e responsabilizando os presidentes da Federação
Nacional dos Bancos (Fenaban) e dos seis maiores bancos pelo fechamento
do diálogo com os trabalhadores. Confira a seguir a nota na íntegra:
Nota do Comando Nacional dos Bancários
O
Comando Nacional dos Bancários, reunido nesta quinta-feira 26 de
setembro em São Paulo na sede da Confederação Nacional dos Trabalhadores
do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), após avaliação da primeira semana da
greve da categoria, decidiu:
1. Ampliar e
fortalecer a greve nacional dos bancários, que nesta quinta-feira
completou oito dias e fechou 10.586 agências e centros administrativos
nos 26 estados e no Distrito Federal.
2.
Reafirmar a disposição de negociação dos representantes dos bancários,
fechada pelos bancos no dia 5 de setembro, quando apresentaram apenas a
reposição da inflação e ignoraram todas as outras reivindicações
econômicas e sociais.
3. Afirmar que a greve é de
responsabilidade dos presidentes da Fenaban (Murilo Portugal), do Itaú
(Roberto Setúbal), do Bradesco (Luiz Carlos Trabuco), do Banco do Brasil
(Aldemir Bendine), da Caixa Econômica Federal (Jorge Hereda), do
Santander (Jesús Zabalza) e do HSBC (André Brandão) por fecharem o
processo de negociação ao ignorarem a pauta de reivindicações dos
trabalhadores.
4. Ressaltar que os bancos que
operam no Brasil têm totais condições de atender às demandas dos
bancários, conforme demonstra relatório do Banco Central divulgado nesta
quinta-feira 26, segundo o qual o lucro do sistema financeiro nacional é
"robusto" e atingiu R$ 59,7 bilhões nos últimos 12 meses encerrados em
junho.
5. Denunciar a irresponsabilidade social
dos bancos, especialmente os privados, que, na contramão da economia
brasileira, geradora de 1,07 milhão de novos empregos de janeiro a
agosto deste ano, cortaram 6.987 postos de trabalho no mesmo período,
precarizando o atendimento à população, aumentando as filas e a
sobrecarga de trabalho dos bancários.
6. E
denunciar que, em busca de "melhor eficiência", os bancos vêm obrigando
os bancários a cumprirem metas abusivas e a venderem produtos
financeiros desnecessários à população, o que tem aumentado a incidência
de adoecimentos.
Carlos Cordeiro,
Presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional dos Bancários
Foto: Tânia Rêgo/ABr
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