Termina greve dos garis da Comlurb
Categoria consegue reajuste de 37% e volta ao trabalho após oito dias. Empresa já recrutava substitutos
Rio - Depois de oito dias de greve e uma longa
negociação, finalmente chegou ao fim a paralisação de garis da Comlurb.
Reunião na tarde deste sábado no Tribunal Regional do Trabalho (TRT)
entre representantes da prefeitura e da categoria decidiu pelo aumento
de 37% no salário-base, que subirá de R$ 802,57 para R$ 1.100, além do
adicional de 40% de insalubridade. Assim, os garis que hoje recebem o
piso passarão a ganhar R$ 1.540. O vale-refeição teve aumento de quase
67% e pulará de R$ 12 diários para R$ 20.
Horas antes do fim da audiência, a
prefeitura teria contratado, em regime de urgência, a empresa Masan para
fazer o recrutamento de pessoas interessadas em trabalhar na limpeza da
cidade.
Mas com o acordo entre garis e
prefeitura, os funcionários voltaram à limpeza das ruas logo à noite.
Segundo o secretário municipal da Casa Civil, Pedro Paulo Teixeira, a
estimativa é de que a cidade fique limpa em até quatro dias.
O aumento dos garis prevê impacto de R$ 400
milhões na folha de pagamento anual da Comlurb, que passará de R$ 700
milhões para
cerca de R$ 1,1 bilhão. O valor chega perto do equivalente
ao total do orçamento da empresa previsto para este ano (R$ 1,5 bilhão).
Em entrevista coletiva de imprensa na noite de ontem, o prefeito
Eduardo Paes informou que fará ajustes orçamentários nas contas da
prefeitura para que seja garantido o recurso. “O gari merece o aumento
porque ele é a alma da cidade. Não sabemos como, mas a prefeitura vai
fazer o esforço necessáriopara ajustar a demanda ao orçamento”, disse
Paes.
DEMISSÕES SUSPENSAS
Ainda segundo o prefeito, as demissões daqueles
que aderiram à greve foram suspensas, mas todos que não trabalharam
terão que compensar os dias perdidos. O aumento é retroativo, e vale a
partir de 1º de março, data do início da greve, que teve seu auge
durante o Carnaval, quando 300 funcionários cruzaram os braços
reivindicando salário maior.
Experiência é dispensada
A contratação emergencial de funcionários para
limpeza, ontem de manhã, foi divulgada no ‘boca a boca’ e não era
preciso comprovar experiência. O contrato foi feito pela empresa Masan,
com sede em Caxias, mas o ponto de referência foi o prédio da antiga Pro
Matre, na Rua Venezuela, Centro. “Fomos contratados pela prefeitura
para criar uma força-tarefa para cuidar da limpeza da cidade por causa
da greve”, disse Celine Souza, funcionária da Masan que fazia o
recrutamento de pessoas.
Para trabalhar na limpeza de creches e escolas
municipais foram oferecidos salário de R$ 724 em carteira, cesta básica
de R$ 120 e vale transporte para quem morasse longe. A ideia era alocar
os profissionais em locais próximos à residência. Havia também a
proposta de um ‘bico’, ontem e hoje, no Sambódromo, a R$ 80 por dia.
Às 9h30, dezenas formavam fila no Centro e
também numa sede administrativa da Comlurb no Leblon. Muitas, porém,
sequer sabiam o nome da empresa ou detalhes da função e não tinham
experiência. Para preencher as vagas, a Masan disse ter entrado em
contato com pessoas cujos nomes estavam em seu banco de dados. Até
moradores do hotel popular da prefeitura, no Centro, foram convocados.Um
deles é o capixaba Fabrício Augusto Carneiro, 31 anos, no Rio há cerca
de 15 dias. Ele contou que ontem de manhã, os moradores do alojamento
foram informados das vagas e muitos se interessaram. “Preciso de
dinheiro e gostaria de arrumar um emprego para me estabilizar”, disse.
Reportagens de Alessandra Horto, Beatriz Salomão, Christina Nascimento, Leandro Eiró e Luísa Bustamante
Fonte: http://odia.ig.com.br
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