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Suspeito de receber propina de US$ 25 milhões de fornecedores da Casa da
Moeda, o ex-presidente da instituição é agora investigado por manter
uma conta na Suíça.
A Justiça autorizou a Polícia Federal a compartilhar com autoridades
daquele país provas do inquérito que investiga Luiz Felipe Denucci por
crimes financeiros.
Denucci foi demitido do cargo em janeiro de 2012 após o Ministério da
Fazenda ser informado de que a Folha apurava reportagem sobre a acusação
de que ele recebeu US$ 25 milhões em três anos.
Esse valor, segundo relatório de uma empresa especializada em
transferência de dinheiro com sede em Londres, veio de comissão paga por
dois fornecedores do órgão e foi parar em offshores (empresas abertas
em paraísos fiscais) criadas em 2010 por Denucci e uma filha dele nas
Ilhas Virgens Britânicas.
Essa não foi a primeira denúncia de supostas irregularidades cometidas
por Denucci, cuja saída desgastou o ministro Guido Mantega.
Mantega foi cobrado pelo Congresso a explicar por qual razão manteve o
dirigente no cargo mesmo tendo sido alertado um ano antes das possíveis
irregularidades pela Casa Civil e pelo PTB. A pedido da oposição,
Mantega está sendo investigado por improbidade administrativa por não
ter demitido Denucci.
O ministro pediu ao Supremo Tribunal Federal e conseguiu uma liminar
para que seu caso seja apurado pela Procuradoria-Geral da República e
não pela primeira instância, que tradicionalmente apura suspeita de
improbidade contra autoridades.
Aos congressistas, Mantega negou ter protegido Denucci e disse que não
podia ter tomado atitude antes da formalização de uma acusação nos
órgãos de controle.
Em junho deste ano, a Justiça atendeu ao pedido da PF para compartilhar
dados com a Suíça. Segundo despacho do juiz Vallisney Oliveira, o
governo suíço identificou ativos de Denucci "que estariam relacionados
aos supostos ilícitos investigados".
O inquérito policial foi instaurado em 2012, depois da demissão do
diretor. O Brasil foi informado que ele tem ao menos US$ 300 mil num
banco suíço e a PF corre para evitar que o dinheiro seja desbloqueado. A
Suíça deu prazo até setembro para o Brasil informar se o valor está
relacionado a eventuais ilícitos.
Até então sabia-se que Denucci tinha offshores nas Ilhas Virgens
Britânicas e que havia contratado por R$ 3,1 milhões, sem licitação, uma
empresa suíça para fabricação de cédulas. A Casa da Moeda nunca
explicou por que optou pela companhia.
OUTRO LADO
Procurado em casa, na casa da filha e por meio do telefone celular, o
ex-chefe da Casa da Moeda não ligou de volta para falar sobre a
investigação e a conta na Suíça.
No ano passado, Denucci havia confirmado à Folha a existência das
offhsores, mas negou ter feito movimentações financeiras com essas
empresas. Admitiu conhecer o dono da empresa que fez o relatório
atestando a movimentação milionária, a quem chama de primo, mas disse
que o documento é falso.
Aos funcionários da Casa da Moeda, Denucci atribuiu sua saída a uma perseguição implacável contra ele.
| Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress | ||
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/08/1321050
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