Cabral acusa grupos internacionais de estimular vandalismo em protestos
DESTAQUES EM BRASIL
RIO - O governador Sérgio Cabral disse, em entrevista
coletiva nesta sexta-feira, grupos internacionais estão incentivando a
violência durante manifestações como a que deixou um rastro de
destruição no Leblon, Zona Sul do Rio, na última quarta-feira. Segundo
ele, organizações de outros países estimulam a violência e o
quebra-quebra.
- Nestes atos, sabemos que há presença de organizações
internacionais, que estimulam o vandalismo e o quebra-quebra. Pelas
redes sociais, é mais fácil hoje haver essa participação - afirmou o
governador.
A entrevista coletiva, realizada no Palácio Guanabara, sede do
governo do estado, em Laranjeiras, Zona Sul do Rio, foi marcada para
anunciar a criação de uma comissão para investigar a ação de vândalos
durante as manifestações. Ao lado do secretário da Casa Civil, Régis
Fichtner, Cabral disse que a comissão é uma resposta para a sociedade.
Ele disse que a equipe vai unificar os esforços para dar eficiência ao
trabalho de investigação.
- Vamos dar eficiência às elucidações para aplicação da lei. Tenho
certeza que a comissão dará maior efetividade às investigações, que é o
que a sociedade deseja, diante da indignação diante de atos que
acontecerem não só no rio, mas em vários estados do Brasil. Nós temos o
dever de dar essa resposta - disse o governador.
O anúncio da criação da comissão foi feito pelo procurador-geral de
Justiça, Marfan Vieira, nesta quinta-feira, um dia depois de atos de
vandalismo terem deixado um rastro de destruição no Leblon e Ipanema, na
Zona Sul da cidade.
Ele explicou que o grupo seria formado por representantes do
Ministério Público e das polícias Civil e Militar, ligados diretamente
ao gabinete do governador Sérgio Cabral. O foco é identificar os
suspeitos de incitar depredações e estabelecer a relação entre os grupos
responsáveis pelo vandalismo. Eles serão indiciados por formação de
quadrilha, crime mais grave e inafiançável, evitando o atual "prende e
solta".
Nesta quinta, a Polícia Civil informou que, desde o dia 10 junho,
foram presas 62 pessoas em flagrante por crimes como furto qualificado,
formação de quadrilha e porte de explosivos, mas 37 acabaram liberadas
após pagar fiança. Vinte e cinco menores também foram detidos.
Entre os grupos que serão investigados estão os Black Blocs, que
afirmam ter inspiração num movimento anarquista da Europa. No entanto,
segundo especialistas, bandos com vínculos com facções criminosas, como
traficantes, milicianos e bandidos comuns, estão infiltrados entre os
manifestantes.
Moradores acusam a polícia de não evitar vandalismo
O campo de guerra em que se transformaram as ruas do Leblon e de
Ipanema, após uma manifestação contra o governador Sérgio Cabral, expôs
uma mudança extrema no comportamento da PM, muito criticada em protestos
anteriores por uso excessivo da força e abusos no emprego de armas não
letais.
Dessa vez, os PMs não agiram para impedir as depredações, provocando
revolta entre moradores e suscitando uma discussão entre especialistas
sobre a necessidade de se buscar um ponto de equilíbrio entre a
truculência e a omissão.
Na manhã desta quinta-feira, após uma reunião de emergência convocada
por Cabral com a cúpula da segurança, o secretário de Segurança, José
Mariano Beltrame, admitiu que a PM está tendo que ser cautelosa.
De acordo com a chefe de Polícia Civil, Martha Rocha, a polícia não
pode manter os vândalos presos porque a lei não permite. Já a presidente
do Tribunal de Justiça, Leila Mariano, frisou que, embora os detidos em
atos de vandalismo tenham tido a prisão relaxada, uma grande quantidade
de ações penais está em andamento.
Para o comandante da PM, coronel Erir Ribeiro Costa Filho, o pacto
entre a polícia e entidades de direitos humanos e a OAB, para a redução
do uso de armas não letais, como gás lacrimogêneo, não funcionou.
O presidente da OAB-RJ, Felipe Santa Cruz, discorda do comandante da
PM. Para ele, a polícia ou foi incompetente para lidar com a situação ou
agiu de forma política, para jogar a opinião pública contra os
manifestantes.
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