Grécia representa saída à esquerda e isso é 'insuportável' para UE, diz ex-senador italiano
Vídeo: José Luís del Roio comenta que Bruxelas prefere fascismo à esquerda antineoliberal e ressalta: 'chamar referendo foi bofetada na cara'Do Opera Mundi
A discussão sobre a dívida grega com credores internacionais não é a
principal questão em jogo na UE (União Europeia) nesse momento. Mesmo
com o default técnico após o não pagamento de € 1,6 bi ao FMI, o fundamental aos dirigentes europeus é frear uma alternativa real à esquerda, representada pelo partido Syriza na Grécia.
José Luís del Roio | Foto: Opera Mundi TV |
Essa é análise do ítalo-brasileiro José Luiz del Roio, ex-senador italiano pela região da Lombardia. Em entrevista a Opera Mundi,
ele analisa como uma possível saída da Grécia do bloco europeu poderia
“desmantelar o projeto tecnocrático e neoliberal da UE”.
“Se os
gregos não morrerem (com o calote da dívida com credores e uma possível
saída da UE), a esquerda passa a ser uma alternativa real à burocracia
europeia. Nesse cenário, toda discussão de impostos e cortes vale pouco.
O que é necessário é destruir o governo de esquerda da Grécia. Esse é o
objetivo e tudo será feito para que isso aconteça”, analisa.
Del
Roio também alerta que, caso a Grécia saia da UE, grupos de
extrema-direita também irão radicalizar a sua luta pela saída do bloco.
Mesmo diante desse cenário, afirma del Roio, a burocracia europeia
prefere o fascismo e o racismo a um projeto que conteste o
neoliberalismo da região.
“A expressão máxima contrária à UE vem
da extrema-direita, com o renascimento do fascismo, do crescimento de um
racismo violento e
de movimentos nacionalistas. Mas o que preocupa
mesmo é a Grécia, um país de 10 milhões de habitantes, pois Atenas é uma
saída possível à esquerda. E isso é insuportável para a burocracia
europeia”, analisa.
Saída da UE e referendo
O
ex-senador também comenta sobre a convocatória feita pelo premiê
Tsipras de uma consulta popular, perguntando ao povo grego se quer ou
não seguir com medidas de austeridades. "A convocação é uma bofetada na
cara da burocracia europeia", diz del Roio, ressaltando a característica
antidemocrática do órgão executivo da UE, que já havia aprovado anos
antes a Constituição europeia a despeito da rejeição de alguns países
manifestada em referendos internos.
Para José Luís del Roio uma
possível saída da União Europeia faria bem a Grécia. Além de autonomia
para gerenciar a crise econômica, poderia obter parceiros estratégicos
para superar o modelo de austeridade.
"Para um país de 10 milhões
de habitantes como a Grécia, um parceiro como a Rússia seria um respiro.
E não podemos nos esquecer que a Grécia é um paraíso composto por mais
de 6 mil ilhas. Ou seja, o turismo na região é muito forte e capaz de
impulsionar economia sem depender do bloco europeu", afirma.
Assista trechos da entrevista de José Luís del Roio a Opera Mundi:
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