Para EUA, prisões lotadas e abuso policial ameaçam direitos humanos no Brasil
Alessandra Corrêa
De Nova York para a BBC Brasil
Policiais entram no presídio de Pedrinhas, no Maranhão, para controlar rebelião de detentos
A superlotação das prisões
brasileiras e os casos de abuso por parte de polícias estaduais são
ameaças aos direitos humanos no Brasil, diz um relatório divulgado nesta
quinta-feira pelo governo americano.
Assim como em edições anteriores, o relatório
anual sobre direitos humanos do Departamento de Estado dos EUA, com
dados relativos a 2013, critica as péssimas condições sanitárias das
prisões brasileiras que, muitas vezes, “colocam em risco” a vida dos
detentos.
No entanto, o documento observa que
“muitos Estados fizeram esforços para melhorar as condições”, e cita os
casos da Paraíba, que anunciou alas exclusivas para LGBT, e de Alagoas,
com uma ala para deficientes.
O relatório também volta a criticar os
supostos
abusos de direitos humanos cometidos pelas polícias estaduais, incluindo
execuções extrajudiciais, uso de força indiscriminada e intimidação
contra testemunhas em casos que envolvem policiais.
O documento cita mortes de civis em algumas
operações policiais de larga escala, principalmente nas favelas.
Menciona também o caso do pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido em
julho do ano passado depois de ser detido por policiais que atuavam na
UPP da favela da Rocinha, no Rio.
O texto ressalta que, nos casos de civis mortos
por resistir à prisão, “um número desproporcionado de vítimas eram jovem
negros com menos de 25 anos”.
Protestos
O documento cita os protestos que ocorreram no
Brasil desde o ano passado e afirma que as forças de segurança
“ocasionalmente usaram força excessiva contra manifestantes pacíficos,
particularmente durante os protestos de junho em São Paulo”.
“Durante os protestos em junho, forças de
segurança usaram balas de borracha, spray de pimenta e gás lacrimogêneo
contra manifestantes violentos, mas em geral as forças de segurança
respeitaram os direitos de manifestantes pacíficos”, diz o texto.
Documento cita o caso do pedreiro Amarildo, desaparecido no ano passado após ser detido por policiais
Outros problemas citados pelo documento são tráfico sexual de crianças e adolescentes, trabalho forçado e corrupção.
Segundo o relatório, o governo continua a
processar os que cometem abusos, mas o processo judicial ineficaz atrasa
a justiça para vítimas e autores de violações de direitos humanos.
Síria
O relatório elaborado pelo Departamento de
Estado e enviado todos os anos ao Congresso americano avalia a situação
dos direitos humanos em quase 200 países.
Esta edição dedica grande espaço ao caso da
Síria. Ao apresentar o documento, o secretário de Estado americano, John
Kerry, afirmou que o governo sírio “cometeu violações de direitos
humanos escandalosas, em um conflito que já custou mais de 100 mil
vidas, deslocou milhões de pessoas e criou uma janela para extremistas
violentos, que continua a colocar em perigo a estabilidade regional e a
nossa própria segurança nacional”.
A pressão do governo recém-deposto da Ucrânia
sobre a sociedade civil, jornalistas e manifestantes também é criticada.
“Mas, como nós todos acabamos de ver, os ucranianos demonstraram mais
uma vez o poder do povo em determinar como é governado”, disse Kerry.
O relatório critica a Rússia por “continuar a
restringir a sociedade civil e a oposição política” e pelo tratamento
dado a populações marginalizadas, incluindo minorias religiosas e
étnicas e a comunidade LGBT, e a China pela repressão a ativistas e
dissidentes políticos.
Na América Latina, o país mais citado por Kerry
foi a Venezuela, “onde o governo confrontou manifestantes pacíficos com
vigilantes armados, prendendo estudantes e limitando a liberdade de
expressão”, disse o secretário.
Segundo o relatório, entre os principais
problemas de direitos humanos no país estão “corrupção, politização e
ineficiência do sistema judicial e ações do governo para impedir a
liberdade de expressão”.
Fonte: http://www.bbc.co.uk
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