Três são detidos após confronto em protesto de moradores de favela do Rio
Do UOL, no Rio
- Fábio Teixeira/Parceiro/Agência O GloboPolicial puxa pelo pescoço uma mulher com uma criança no colo durante protesto dos moradores da favela da Mangueira, na zona norte do Rio de Janeiro
Um protesto realizado por moradores da favela da Mangueira interditou na manhã desta terça-feira (7) a Radial Oeste e outras vias da zona norte do Rio de Janeiro. Na altura da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), no Maracanã, manifestantes atearam fogo a barricadas montadas com lixo e pedaços de madeira, segundo informações da Polícia Militar.
Em um princípio de confronto, PMs chegaram a utilizar spray de pimenta e bombas de efeito moral na tentativa de dispersar as pessoas que participavam do ato. Três foram detidas por desacato, de acordo com o 4º BPM (São Cristóvão), e conduzidas para a delegacia da região (18ª DP).
7.jan.2014 - Manifestantes protestam contra a Galileo Educacional, que administra a Universidade Gama Filho, na avenida Rio Branco, centro
no Rio de Janeiro, nesta terça-feira (07). Eles pedem intervenção do Ministério da Educação na instituição de ensino. Desde dezembro do ano passado, a Gama Filho e a UniverCidade, também gerida pela Galileo, estão impedidas de realizarem vestibulares e transferências para ingressos de novos estudantes Paulo Campos/Futura Press/Estadão Conteúdo
Por volta de 11h, as ruas foram liberadas pela Polícia Militar, mas um grupo de manifestantes permanecia no local. A Tropa de Choque chegou a ser acionada, mas não entrou em ação. O tráfego ficou lento na região, de acordo com o COR (Centro de Operações Rio). A PM informou que continuará no local para "garantir a desocupação" da Vila do Metrô.
O protesto teve início por volta das 9h45, quando um grupo de moradores da Mangueira avançou pela Radial Oeste em direção à rua São Francisco Xavier, sentido Méier. Os manifestantes reclamam de supostas remoções arbitrárias na comunidade.
O trabalho de demolição está sendo feito pela prefeitura para que seja construído um parque no local onde está situada uma das comunidades da Mangueira, conhecida como Vila do Metrô. Os moradores denunciam que, se saírem das casas, terão que ir para abrigos da prefeitura, e reivindicam o pagamento de aluguel social.
Segundo o subprefeito da zona norte, André Santos, os manifestantes não teriam direito a aluguel social ou a indenização porque supostamente invadiram casas que já haviam sido desocupadas pela prefeitura nos últimos quatro anos.
Santos afirmou que os moradores originais já teriam sido contemplados com aluguel social ou com imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal.
CONFIRA A LISTA DE FAMÍLIAS REMOVIDAS OU AMEAÇADAS
| Local | Famílias removidas | Famílias ameaçadas | Total | Justificativa |
| Largo do Campinho/Campinho | 65 | - | 65 | BRT Transcarioca |
| Rua Domingos Lopes (Madureira) | 100 | - | 100 | BRT Transcarioca |
| Rua Quáxima (Madureira) | 27 | - | 27 | BRT Transcarioca |
| Penha Circular | 40 | - | 40 | BRT Transcarioca |
| Largo do Tanque | 66 | - | 66 | BRT Transcarioca |
| Arroio Pavuna (Jacarepaguá) | 68 | 28 | 96 | Acesso à condomínio; BRT Transcarioca; Preservação ambiental |
| Vila das Torres (Madureira) | 300 | - | 300 | Construção do Parque Madureira; Transcarioca |
| Restinga (Recreio) | 80 | Indefinido | 80 | BRT Transoeste |
| Vila Harmonia (Recreio) | 120 | - | 120 | BRT Transoeste |
| Vila Recreio II (Recreio) | 235 | - | 235 | BRT Transoeste |
| Notredame | 52 | Indefinido | 52 | BRT Transoeste |
| Vila da Amoedo | 50 | Indefinido | 50 | BRT Transoeste |
| Vila Taboinha | - | 400 | 400 | Reintegração de posse |
| Asa Branca (Curicica) | - | Indefinido | Indefinido | BRT Transolímpica |
| Vila Azaleia (Curicica) | - | 100 | 100 | BRT Transolímpica |
| Vila União (Curicica) | - | 3.000 | 3.000 | BRT Transolímpica |
| Colônia Juliano Moreira | - | 400 | 400 | BRT Transolímpica |
| Metrô Mangueira | 566 | 46 | 612 | Estacionamento no entorno do Maracanã |
| Vila Autódromo (Jacarepaguá) | - | 500 | 500 | Parque Olímpico; BRT Transolímpica; preservação ambiental |
| Belém-Belém (Pilares) | - | 300 | 300 | Construção de novo acesso ao Engenhão |
| Favela do Sambódromo | 60 | - | 60 | Alargamento do Sambódromo |
| Morro da Providência | 140 | 692 | 832 | Implantação de teleférico e plano inclinado; área de risco |
| Ocupação Machado de Assis | 150 | - | 150 | Projeto Porto Maravilha |
| Ocupação Flor do Asfalto | 30 | - | 30 | Projeto Porto Maravilha |
| Ocupações na Rua do Livramento | - | 400 | 400 | Projeto Porto Maravilha |
| Ocupação Boa Vista | 35 | - | 35 | Projeto Porto Maravilha |
| Quilombo das Guerreiras | - | 50 | 50 | Projeto Porto Maravilha |
| Zumbi dos Palmares | 133 | - | 133 | Projeto Porto Maravilha |
| Ocupação Carlos Marighela | 47 | - | 47 | Projeto Porto Maravilha |
| Ocupação Casarão Azul | 70 | - | 70 | Projeto Porto Maravilha |
| Total | 2.434 | 5.916 | 8.350 |
Uma moradora, que se identificou apenas como Maria, de 58 anos, conta que se mudou há pouco tempo para uma das casas desocupadas porque o filho ficou desempregado. Eles moravam de aluguel e, sem emprego, o filho e a nora não puderam mais pagar pelo imóvel. "A gente não tem mais para onde ir agora. Ou a gente fica aqui ou vai para debaixo da ponte", diz.
REMOÇÃO E ESCOMBROS EM SP
Em São Paulo, 200 famílias viveram por mais de seis meses entre escombros de casas demolidas, entulho e lixo gerados pela derrubada de casas desapropriadas na zona sul capital pelo Metrô.
As demolições foram feitas na margem da avenida Jornalista Roberto Marinho, para limpar um terreno que será ocupado pela Linha 17-Ouro do Metrô, obra que fazia parte do planejamento do governo paulista para a Copa do Mundo de 2014. Posteriormente, a intervenção foi retirada dos planos paulistas para a Copa, já que o governo não conseguirá entregar a linha a tempo do Mundial. LEIA MAIS
Ônibus incendiado
Na segunda-feira (6), parte do comércio na favela da Mangueira amanheceu fechado após moradores incendiarem um ônibus em protesto pela morte de um jovem durante uma ação da Polícia Militar, segundo informações da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Mangueira.Por volta das 19h30 do domingo (5), nas proximidades de um acesso à comunidade, na rua Ana Néri, moradores pararam um ônibus da linha 622 (Saens Peña x Penha) e atearam fogo ao veículo. Ninguém se feriu. De acordo com a PM, antes do incêndio, os moradores ordenaram que todos os passageiros desembarcassem. As chamas destruíram totalmente o veículo, e atingiram ainda a fachada de um bar.
A morte do jovem --que motivou o ato dos moradores-- teria ocorrido na noite anterior. A mãe da vítima, que tem mais dois filhos e não quis revelar seu nome, disse que o rapaz não era criminoso e que trabalhava como camelô. "Ele era quieto, calado, não fazia mal a ninguém. Eu vi o meu filho ser atingido e levado pelos policiais para o hospital. O sentimento agora é de muita tristeza."
Moradores afirmam que os policiais agem com violência durante as operações na favela. "Eles entram aqui com a maior truculência e humilham os moradores. Estamos cansados de ser tratados assim", disse uma moradora que não quis se identificar.
DEU NO NEW YORK TIMES
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Logo após o encerramento dos Jogos Olímpicos de Londres-2012, um dos principais jornais dos Estados Unidos, o New York Times, criticou a cidade do Rio de Janeiro pelo planejamento mostrado para a Olimpíada de 2016.
A publicação disparou duras críticas ao projeto de desapropriação de alguns bairros da cidade em nome da construção de uma infraestrutura para a recepção da competição olímpica. LEIA MAIS
Outro morador que não quis se identificar disse que o rapaz que foi morto não era criminoso. "Ele era trabalhador, nós o conhecíamos. Em vez de chegarem aqui e matarem pessoas trabalhadoras, eles deveriam cuidar da luz, do esgoto e da água, que já estão em falta faz alguns dias", disse.
Horas antes, durante a tarde de domingo, moradores já haviam incendiado montes de lixo, que foram espalhados por ruas da comunidade. Na última sexta-feira (3), a rua Visconde de Niterói foi interditada por moradores --na ocasião, eles protestavam contra a falta de luz na favela. (Com Agência Brasil)
Tradutor: Protesto contra remoções tem confronto entre PMs e moradores de favela do Rio
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