Governo cobrou de procurador apoio a investigação suíça
A cobrança foi feita por meio de ofícios encaminhados pelo DRCI
(Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica
Internacional). De Grandis, que recebeu em 2011 o pedido de apuração das
autoridades europeias, também foi alertado verbalmente e via e-mail por
promotores estaduais.
Corregedor vai investigar procurador que teria atrasado investigações do caso Alstom
Sem apoio do Brasil, Suíça arquiva parte do caso Alstom
Sem apoio do Brasil, Suíça arquiva parte do caso Alstom
O procurador, contudo, nada fez para ajudar os colegas suíços em dois anos e oito meses.
No dia 26, a Folha revelou que o Ministério Público do país europeu
cansou de aguardar a colaboração do procurador brasileiro e arquivou as
investigações em relação a três suspeitos do caso.
A explicação do gabinete de Grandis foi a de que o pedido de cooperação
não foi atendido porque o documento havia sido colocado incorretamente
em uma pasta de arquivo, onde ficou desde fevereiro de 2011.
Os investigadores suíços
haviam requerido ao procurador os
interrogatórios de quatro investigados bem como a realização de uma ação
de busca e apreensão na casa de um de um ex-diretor CPTM suspeito de
receber suborno da Alstom.
O DRCI monitora requerimentos estrangeiros endereçados a autoridades
brasileiras. Estas são alertadas quando há demora excessiva na
apresentação de respostas às solicitações de outros países.
Segundo a Folha apurou, esse trabalho foi realizado em pelo menos
três ocasiões para cobrar oficialmente Grandis em relação ao pedido
suíço de 2011.
Além das advertências oficiais, promotores de São Paulo ligados às
investigações do caso Alstom afirmaram à Folha que questionaram Grandis
em diversas ocasiões sobre a solicitação.
A justificativa do procurador de que o requerimento foi colocado em uma
pasta errada foi a terceira versão apresentada por ele para explicar a
falta de cooperação com a Suíça.
Quando o pedido foi divulgado pela imprensa, no início do mês, Grandis
disse que adoção das medidas requeridas pelos suíços poderia alertar os
suspeitos e assim prejudicar as investigações das autoridades
brasileiras.
Depois, informou que todos os requerimentos suíços de cooperação endereçados a ele haviam sido atendidos.
No dia 25, porém, o gabinete de Grandis relatou que ocorreu a "falha administrativa" de colocar o pedido na pasta errada.
Ontem, a corregedoria do Ministério Público Federal anunciou a abertura
de sindicância em relação a Grandis. A corregedoria do CNMP (Conselho
Nacional do Ministério Público), órgão de controle externo do Ministério
Público, também abriu investigação sobre ele anteontem.
Procurado, Grandis disse à Folha que não responderia às questões da reportagem e sua manifestação seria enviada por sua assessoria.
O órgão informou que as perguntas não seriam respondidas em razão do
sigilo do pedido suíço e que Grandis está "à disposição" das autoridades
para prestar esclarecimentos.
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| Joel Silva-02.dez.08/Folhapress | ||
| Procurador da República Rodrigo de Grandis concede entrevista na sede do Ministério Público Federal, em São Paulo |
TEMPO PERDIDO
Falta de cooperação de autoridades brasileiras pode ter prejudicado as investigações
Falta de cooperação de autoridades brasileiras pode ter prejudicado as investigações
A INVESTIGAÇÃO Em 2008, o Ministério Público da Suíça informou às
autoridades brasileiras que havia indícios de que a multinacional
francesa Alstom pagou propina a funcionários do governo do Estado de São
Paulo para obter contratos nas áreas de energia e transporte
OS PEDIDOS Em fevereiro de 2011, os suíços pediram ao Ministério
Público Federal brasileiro que interrogasse quatro suspeitos do caso,
analisasse sua movimentação financeira no Brasil e fizesse buscas na
casa de um ex-diretor da CPTM, João Roberto Zaniboni
A FRUSTRAÇÃO Segundo o procurador Rodrigo de Grandis, responsável
pelas investigações sobre a Alstom no Brasil, o pedido da Suíça foi
arquivado numa pasta errada e isso só foi descoberto quase três anos
depois, quando as autoridades brasileiras começaram a cobrar explicações
sobre os pedidos
O QUE ACONTECEU O DRCI (órgão do Mistério da Justiça responsável
pela cooperação internacional nas investigações) emitiu ao menos três
comunicados oficiais solicitando ao procurador que atendesse aos pedidos
de colaboração. Cansadas de esperar pela ajuda do Brasil, as
autoridades suíças arquivaram parte das investigações. A corregedoria do
Ministério Público investiga a conduta de Grandis no cas.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br
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