Preço do gás de cozinha, mais um vilão entre as famílias brasileiras
Segundo dados do Movimento dos Atingidos por
Barragens (MAB), nos últimos 20 anos, desde o início do período de
liberalização dos preços, o gás de cozinha teve um aumento de 325%
Alexania Rossato,
de São Paulo (SP)
Junto
com a energia elétrica, o gás de cozinha representa grande parte dos
gastos das famílias brasileiras, somando, em média, 20% do salário
mínimo.
Isso porque desde a década de 1990 as
empresas privadas controlam a produção e a distribuição de bens como a
energia e o gás, fazendo com que os preços subissem a patamares
internacionais.
No ano de 2012, o consumo de gás
de cozinha no país ficou em 7,13 milhões de toneladas, de acordo com
levantamento do Sindigás. E, mesmo com um crescimento de 1% a 2% ao ano,
o consumo residencial tem como forte concorrente a lenha, sobretudo em
regiões do Norte e Nordeste, que responde por 27% da matriz energética
residencial.
O mesmo percentual fica com o gás de
cozinha, já o gás natural corresponde a apenas 1% e energia elétrica,
com o restante. Esse dado reflete a realidade de muitas famílias
brasileiras, que sem condições de pagar pelo alto preço do gás,
encontram alternativas mais baratas para o cozimento dos alimentos, tais
como o uso da lenha.
No entanto, o gás de
cozinha é de extrema necessidade entre as famílias brasileiras. É usado
por cerca de 95 % da população, o que lhe confere uma penetração nos
lares ainda maior que a energia elétrica e a água encanada, mesmo que na
matriz energética brasileira, em 2011, segundo dados do Balanço
Energético Nacional (BEN), correspondesse a apenas 3,2%.
Botijão chega a custa R$ 50
O
processo de reforma da indústria do gás de cozinha no Brasil não
envolveu privatizações nos moldes dos demais serviços públicos.
A
principal mudança ocorreu na regulamentação que permitiu transformá-la
em mercadoria internacional através de um processo longo que se iniciou
em 1990 e completou-se em 2001. Nesse período, foi estabelecida uma
gradual liberação dos preços que passaram a ser definidos pelas próprias
empresas, a partir da cotação internacional do petróleo.
Portanto,
os preços são livremente decididos pelas empresas em toda a cadeia de
produção, distribuição e revenda de combustíveis e derivados de
petróleo, como é o caso do gás de cozinha, no falso cenário da livre
concorrência.
Assim, desde então, nenhum órgão de
Estado ou de governo tem atribuições de tabelamento ou controle de
preços, apenas cumprem um papel de acompanhamento, como faz a Agência
Nacional do Petróleo (ANP). Da mesma forma, também desde janeiro de 2002
o gás de cozinha não possui subsídio ou subvenção pública em nosso
país, o que encarece ainda mais o custo para as famílias.
Além
do fim dos subsídios e do monopólio estatal, outros motivos para o
aumento do preço do gás são a elevação dos impostos, principalmente do
ICMS e o alto custo do transporte. Mas a principal razão são as altas
taxas de lucro das empresas, principalmente das transnacionais, que se
apropriaram de vários negócios nesta área.
As
gigantes Ultragaz, do grupo Ultra; a Supergasbras, controlada pela
multinacional holandesa SHV; a Nacional Gás (grupo cearense Edson
Queiroz); e a Liquigás já controlam 86% do setor de distribuição de gás
no país e são as que mais faturam com o preço pago pela população pelo
botijão. Em São Paulo, o preço médio do botijão de 13 quilos chega a
custar R$ 50,00.
Segundo dados do Movimento dos
Atingidos por Barragens (MAB), nos últimos 20 anos, desde o início do
período de liberalização dos preços, o gás de cozinha teve um aumento de
325%. Sendo que a infl ação medida pelo IPCA neste mesmo período foi de
130%, o aumento do preço do gás de cozinha foi quase três vezes a mais
que a inflação.
Fonte: http://www.brasildefato.com.br/node/25903
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