Ordem é tentar dissociar a ex-senadora das acusações que atingem o sociólogo Pedro Piccolo; executiva provisória da Rede deve discutir o tema em reunião na segunda-feira
Pega de surpresa pelo envolvimento de um de seus
integrantes no ato que resultou na depredação do Palácio do Itamaraty em
junho, a direção da Rede Sustentabilidade começou a montar uma
estratégia para blindar a ex-senadora Marina Silva da repercussão do
episódio. Articuladores do novo partido passaram os últimos dias
orquestrando os primeiros passos da reação à notícia de que Pedro
Piccolo, de 27 anos, foi identificado pela polícia em imagens do
protesto com uma barra de ferro em mãos. O assunto agora será discutido
pela executiva nacional provisória da nova legenda, em reunião marcada
para a próxima segunda-feira.
Rede tenta poupar a ex-senadora Marina Silva do episódio que liga membro do novo partido a depredação do Itamaraty
A primeira orientação acertada pelo comando da
nova sigla foi a de manter Marina distante do assunto, ao menos num
primeiro momento. No fim de semana, deve ser decidido se a ex-senadora
participará ou não da reunião da executiva, onde pode vir a dar uma
declaração sobre o assunto. Se isso ocorrer, dizem interlocutores, o
mais provável é que seja um posicionamento breve, tratando a atitude do
aliado como “um erro de natureza pessoal”.
O assunto também pode aparecer em outra reunião da Rede,
marcada para este sábado, em São Paulo. Nesse caso, entretanto, o
objetivo do encontro é específico: estruturar a comissão executiva
estadual provisória do novo partido de Marina. A ex-senadora, que de
acordo com aliados está na capital paulista neste fim de semana, não
deve participar.
“Nossa posição nesse processo é a mesma de sempre. Somos
contra qualquer violência, seja contra pessoas ou contra o patrimônio
público. Este, no nosso entendimento, foi um fato isolado, que
infelizmente aconteceu”, afirma Pedro Ivo, um dos coordenadores da Rede
Sustentabilidade. De acordo com ele, ainda não há certeza sobre a
participação de Marina na reunião de segunda-feira, mas é “provável” que
ela compareça ao encontro, que tratará também de outros assuntos
relacionados à montagem do novo partido.
Piccolo é apontado pela Polícia Federal (PF) como dos
sete suspeitos de terem depredado o prédio do Itamaraty, no dia 20 de
junho. Na ocasião, um grupo de manifestantes conseguiu invadir o prédio e
quebrou 65 janelas. Os manifestantes colocaram fogo no prédio e
destruíram alguns móveis. No total, o prejuízo chegou a R$ 18,4 mil
apenas com a reposição dos vidros quebrados, segundo o Itamaraty.
Piccolo aparece em fotos com uma barra em mãos. O sociólogo afirma que
pegou a peça para se defender e nega ter depredado o prédio.
Piccolo comunicou à direção da Rede a notícia de que
havia sido notificado pela polícia na última segunda-feira, dias antes
de a notícia sobre seu envolvimento no caso ter sido veiculada pelo
jornal Correio Braziliense, na quinta-feira. Ele, então, apresentou-se à
polícia para prestar esclarecimentos sobre o episódio e passou um
relato detalhado a outros membros da executiva.
A primeira decisão concreta da Rede em relação ao caso
foi o afastamento do sociólogo da executiva da nova sigla, anunciado
nesta sexta-feira. Oficialmente, dirigentes afirmam que o pedido partiu
do próprio Piccolo e foi aceito pelo comando da Rede. Em tese, o
afastamento seria provisório, com o objetivo de aguardar a conclusão das
investigações.
Alguns dirigentes reconhecem que ele deve mesmo
permanecer fora da comissão. Ainda assim, alguns membros da executiva
defendem a permanência do sociólogo no comando da nova sigla. Entendem
que sua exclusão definitiva daria conotação maior ao caso. Segundo essa
visão, a saída de Piccolo seria uma atitude “conservadora” e abriria um
precedente para que qualquer membro acusado de alguma irregularidade
seja removido do partido para proteger a imagem da Marina Silva.
Agora afastado da direção, o próprio Piccolo também evita
se aprofundar em comentários sobre o caso. “O que eu tinha a dizer eu
disse no posicionamento que já publiquei”, afirmou o sociólogo por
telefone ao iG
, em referência a um post que publicou no Facebook alegando que “errou
politicamente”, mas que “não cometeu crime”. Nas conversas que manteve
com alguns dirigentes da Rede, ele mostrou-se arrependido e disse que
vai aproveitar o afastamento da direção do novo partido para “cuidar de
problemas pessoais”.
Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/politica
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