Dilma sanciona lei sobre atendimento a vítimas de violência sexual
Segundo Secretaria de Políticas para Mulheres, a
estimativa é que a cada 12 segundos uma mulher é estuprada no Brasil
A presidenta Dilma Rousseff sancionou nesta quinta-feira 1º, sem vetos, a lei que
obriga os hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) a prestar
atendimento emergencial e multidisciplinar às vítimas de violência
sexual. O Projeto de Lei da Câmara (PLC) 3/2013, que deu origem à lei, foi aprovado pelo Senado no começo de julho.
O atendimento a vítimas de violência deve incluir o diagnóstico e
tratamento de lesões, a realização de exames para detectar doenças
sexualmente transmissíveis e gravidez. A lei também determina a
preservação do material coletado no exame médico-legal.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que a sanção transforma
em lei práticas que já eram recomendadas pelo Ministério da Saúde. “Ao
ser sancionado, [o projeto] transforma em lei aquilo que já é uma
política estabelecida em portaria, que garante o atendimento humanizado,
respeitoso a qualquer vitima de estupro. Estou falando de crianças,
adolescentes, pessoas com deficiência mental, homens e mulheres,
qualquer cidadão brasileiro.”
Em nota,
a Secretaria de Políticas para Mulheres afirmou que a sanção representa
respeito às duas casas do Congresso Nacional, que haviam aprovado o
texto, e às mulheres que sofrem violência sexual, “com a adoção de
ações que amenizam seu sofrimento, com o atendimento imediato e
multidisciplinar para o controle e tratamento dos impactos físicos e
emocionais causados pelo estupro.” O comunicado lembrou ainda que o PLC e de autoria da deputada federal Iara Bernardi (PT-SP) e está em tramitação desde 1999.
Até a sanção presidencial, o projeto estava envolto em
polêmica. O texto enfrentou pressão representantes de grupos religiosos,
como o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, deputado
Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), e a Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB), que entregaram documento ao governo pedindo o veto de
dois dispositivos do texto, que tratam da profilaxia da gravidez e que
as mulheres devem ser informadas sobre seus direitos legais.
De acordo com o projeto, a vítima, ao ser atendida no hospital
público, deve passar por procedimento de profilaxia da gravidez (que
prevê a distribuição da pílula do dia seguinte). Outro trecho estabelece
que as mulheres devem receber orientação, ainda no hospital, sobre os
direitos legais em relação à violência. Os grupos religiosos temiam que
os trechos abrissem brecha para estimular o aborto, com o uso da
contracepção de emergência.
Do outro lado, entidades feministas defendiam a sanção integral do
texto, que torna lei os procedimentos que já são adotados no Sistema
Único de Saúde (SUS) e que são regulados por uma norma técnica e um
decreto presidencial.
Índices. Segundo a Secretaria de Políticas para as
Mulheres, o Brasil apresenta um dos piores índices de violência contra
mulheres e meninas. “Estima-se que, a cada 12 segundos, uma mulher é
estuprada no Brasil. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública
indicam que em cinco anos os registros de estupro no Brasil aumentaram
em 168%: as ocorrências subiram de 15.351 em 2005 para 41.294 em 2010.”
Segundo o Ministério da Saúde, de 2009 a 2012, os estupros notificados
cresceram 157%; e somente entre janeiro e junho de 2012, ao menos 5.312
pessoas sofreram algum tipo de violência sexual.
Segundo a Organização das Nações Unidas, calcula-se que, em todo o
mundo, uma em cada cinco mulheres se tornará uma vítima de estupro ou de
tentativa de estupro no decorrer da vida.
*Com informações da Agência Brasil
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