Rio
PM: postura errada da tropa é culpa da situação anormal
Porta-voz da PM diz que erros dos policiais com escudos é pela situação anormal na cidade
Ás vésperas de um dos
maiores eventos internacionais promovidos no Rio de Janeiro, a atuação do
Batalhão de Choque da Policia Militar do Estado mobiliza a atenção da população
carioca e da opinião pública, repercutindo em outros estados e fora do país. Na
reunião convocada às pressas pelo governador do Estado, Sérgio Cabral (PMBD),
com a cúpula da Segurança, teve como ponto chave o planejamento estratégico de
policiamento e ação da PM no protesto realizado na noite desta quarta (17/07).
A manifestação se estendeu pela madrugada, com cenas de vandalismo por dois
bairros da Zona Sul da cidade, Leblon e Ipanema, que amanheceram num cenário de
guerra: caixas eletrônicos, lojas, sinalizações destruídos e nem as calçadas
escaparam dos criminosos. Segundo a polícia, cerca de 500 pedras portuguesas
foram arrancadas e arremessadas contra os PMs, deixando cinco deles feridos.
Na reunião com a cúpula da Segurança,
o comandante da Policia Militar, Erir da Costa Filho, explicou como ocorre o
treinamento dos policiais do Batalhão de Choque. “Esses policiais receberam
instruções da polícia francesa, num curso específico conhecido como Controle de
Distúrbios Civis”, contou Erir. Segundo o porta voz da PMERJ, coronel Frederico
Caldas, o contingente de policiais do Choque que atuaram em todos nos protestos
no Rio, passaram pelo curso de Controle de Distúrbios Civis (CDC).
O ex-corregedor da PM, coronel reformado Paulo Ricardo Paúl, considera
o curso de Controle de Distúrbios Civis de suma importância para a formação do
policial que vai atuar na “Tropa de Elite”. “O policial antes de ingressar na
tropa, tem que passar por esse treinamento específico. Ele é obrigatório e
prepara o profissional”, afirma Paúl. Avaliando as imagens dos últimos
protestos que tomaram as ruas da cidade, Paúl acredita que alguns homens da
tropa de elite não estão preparados para esse tipo de missão e deveriam passar
novamente pelo curso de capacitação. “Uma característica básica da tropa de
Choque que preserva o policial e o manifestante diz respeito à posição do
escudo, que deve ficar alinhado, com os agentes firmes, um ao lado do outro.
Nas manifestações do Rio, tem até policial correndo isoladamente atrás de vândalo,
sem a mínima postura preventiva. A ação isolada pode resultar no confronto
violento entre policial e manifestante, o que não é bom para ambos”, detalha
Paúl.
Segundo o
ex-corregedor, o treinamento do Batalhão de Choque geralmente prepara o agente
para trabalhar em conflitos menos representativos, como aqueles que ocorrem em estádios
de futebol ou pequenos atos. “O que o Rio esta vivenciando requer um
treinamento que vai muito além daquele promovido pela nossa PM. Isso precisa
ser revisto com urgência. As atuais manifestações estão mobilizando um número
muito grande de pessoas, sem liderança definida e são completamente diferentes
dos conflitos em estádios. A abordagem difere. A tropa escalada para atuar
nesses atos está visivelmente despreparada”, afirma Paúl.
O porta voz da
PM, o coronel Frederico Caldas, afirmou que todos os homens escalados para atuar
nas manifestações são preparados e passaram pelo curso de CDC. No entanto, ele
confirma que a postura dos policiais que estão na linha de frente de ação,
carregando os escudos, deveria manter um alinhamento o tempo inteiro. Frederico
disse que normalmente o alinhamento é mantido, mas justifica que a atitude de
alguns policiais do Choque flagrados em ações isoladas e portando o escudo, é
em função “dessa situação anormal que estamos passando”.
Nesta quarta (17/07) o comandante-geral
da Polícia Militar, coronel Erir Costa Filho, anunciou que vai afastar um
policial do Batalhão de Choque por abuso de força em uma das manifestações. O
nome do policial está mantido em sigilo. Erir Costa Filho determinou que os
policiais militares reduzam o uso de bombas de gás lacrimogêneo na ação de dispersão
dos manifestantes solicitou que a corregedoria da corporação identifique, pela escala
de plantão, quem cometeu excessos nas manifestações.
Fonte: http://www.jb.com.br
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