PM é acusada de infiltrar policial sem farda em protesto no Rio
Relações públicas da polícia se diz 'enojado' com a acusação.
Manifestação foi perto da sede do governo na segunda à noite.
Vídeos e relatos publicados nas redes sociais nesta terça-feira (23)
acusam a PM de ter infiltrado policiais sem farda em um protesto na
noite de segunda no Rio para provocar tumulto.
O relações-públicas da Polícia Militar, coronel Frederico Caldas, se
disse "enojado" com a acusação e afirmou que considera um absurdo
imaginar que um policial possa agredir um colega.
(Este vídeo, exibido no Jornal Nacional, foi atualizado com novas imagens em sua versão web às 23h45.)
O tumulto ocorreu depois de uma passeata que começou pacífica e ia até a sede do governo do Rio de Janeiro,
onde o Papa Francisco recebeu as boas-vindas. Um confronto deixou cinco
manifestantes e dois policiais militares feridos - um deles por um
coquetel molotov. Todos os feridos já receberam alta e passam bem.
E a Polícia Militar foi criticada por ter prendido um integrante do
Mídia Ninja, um grupo que transmite as manifestações pela internet.
Como foi a manifestação
Por volta das 17h, os manifestantes começaram a se reunir na praça do Largo do Machado, na Zona Sul do Rio. O bairro é vizinho a Laranjeiras, onde fica o palácio Guanabara, sede do governo do estado.
Por volta das 17h, os manifestantes começaram a se reunir na praça do Largo do Machado, na Zona Sul do Rio. O bairro é vizinho a Laranjeiras, onde fica o palácio Guanabara, sede do governo do estado.
Entre as cerca de 300 pessoas, com faixas e cartazes, havia integrantes
de partidos políticos e de movimentos de lésbicas, gays, bissexuais e
transsexuais. O grupo ocupou as escadarias de uma igreja onde peregrinos
cantavam músicas católicas. E promoveu um beijaço contra a homofobia.
Pouco depois das 18h, os manifestantes saíram em caminhada, em direção
ao Palácio Guanabara, onde autoridades davam as boas-vindas ao Papa
Francisco. No caminho, mais pessoas se juntaram à passeata, que chegou a
reunir 1.500 participantes, segundo a Polícia Militar.
Em frente ao bloqueio montado pela PM, a cerca de 200 m da sede do
governo, manifestantes queimaram um boneco, que representava o
governador Sergio Cabral. O grupo permaneceu no local, sem que houvesse
confronto, por cerca de meia hora, até a chegada de pessoas mascaradas e
vestidas de preto. Houve gritos contra a PM: "Sem hipocrisia, a polícia
mata pobre todo dia!"
Depois que o papa Francisco deixou o Palácio Guanabara, as grades que
bloquevam a rua foram derrubadas. Não é possível identificar por quem.
Começou uma batalha: de um lado, pedras; do outro, balas de borracha. Os
mascarados lançaram conquetéis molotov contra os policiais. Um PM foi
atingido pelo fogo e se jogou no chão, na tentativa de apagar as chamas.
A polícia reagiu com bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo, balas de
borracha e jatos d'água.
Houve correria e a confusão se espalhou por outras ruas. Numa delas, os
PMs encontraram um mochila com várias garrafas de coquetel molotov. "É
isso que vocês têm que filmar", diz o PM. Uma pessoa pergunta:"Isso é o
quê, guerreiro?". E o policial reponde: "Coquetel molotov. Isso aqui
mata um policial".
Muitos policiais estavam sem idenficação nas fardas. Uma manifestante
aborda um deles. Ela pede para que o PM se identifique, mas ele se nega.
Segundo a Polícia Militar, um menor foi apreendido e sete pessoas foram
detidas por desacato, incitação à violência, formação de quadrilha,
exposição ao perigo, resistência e dano qualificado.
Depois das prisões, um grupo de 300 pessoas se concentrou em frente ao
prédio da delegacia do Catete, pedindo a libertação dos detidos. Foi o
início novas confusões. Carros da tropa de choque foram cercados.
Policiais tentaram liberar a pista e houve um empurra-empurra. PMs usam
spray de pimenta e o grupo se dispersa pelas ruas do bairro. No tumulto,
comerciantes foram obrigados a fechar as portas.
Seis detidos foram liberados porque teriam praticado crimes de menor
potencial ofensivo. Entre eles estava Filipe Peçanha, conhecido como
Carioca. Ele é integrante da Mídia Ninja, grupo que tem se dedicado a
transmitir as manifestações, ao vivo, pela internet. Filipe conversou
com um repórter da GloboNews e disse que não sabia por que tinha sido
detido. "Me trouxeram aqui para fazer uma averiguação, eu fiquei aqui
esperando, fui bem tratado pela Polícia Civil, mas a Polícia Militar me
colocou à força, sem nenhum tipo
de justificativa. Sem nenhum tipo de alegação."
de justificativa. Sem nenhum tipo de alegação."
Reação na internet
Nesta terça, nas redes sociais, pessoas que acompanhavam a manifestação acusaram a PM de ter infiltrado policiais sem farda no protesto para provocar o tumulto. Foram postados vídeos em que, após o tumulto, dois homens correm em direção à barreira da policia. Um deles tira a camisa. Eles parecem se identificar e são autorizados a passar.

Nesta terça, nas redes sociais, pessoas que acompanhavam a manifestação acusaram a PM de ter infiltrado policiais sem farda no protesto para provocar o tumulto. Foram postados vídeos em que, após o tumulto, dois homens correm em direção à barreira da policia. Um deles tira a camisa. Eles parecem se identificar e são autorizados a passar.
Por telefone, o coronel Frederico Caldas reconheceu que policiais do
serviço reservado, a paisana, acompanham a manifestação, com o objetivo
de identificar agressores e coletar provas, mas disse disse que não é
possível afirmar que os homens mostrados nos vídeos sejam policiais.
Prisão de integrante da Mídia Ninja
De todas as pessoas detidas na segunda-feira, apenas Bruno Ferreira Teles ficou preso durante toda a madrugada - por porte de artefato explosivo ou incendiário e por desacato.
De todas as pessoas detidas na segunda-feira, apenas Bruno Ferreira Teles ficou preso durante toda a madrugada - por porte de artefato explosivo ou incendiário e por desacato.
Na manhã de terça, o advogado dele conseguiu um habeas corpus. "Me
prenderam e disseram que eu estava com uma garrafa de molotov. Eu não
estava", disse Teles.
Investigação
A comissão criada pelo governo do Rio, na semana passada, para investigar os atos de vandalismo durante manifestações se reuniu pela primeira vez nesta terça. Representantes do Ministério Público e das polícias Civil e Militar decidiram que todas as informações (processos, fotos e videos) ficarão em uma única delegacia.
A comissão criada pelo governo do Rio, na semana passada, para investigar os atos de vandalismo durante manifestações se reuniu pela primeira vez nesta terça. Representantes do Ministério Público e das polícias Civil e Militar decidiram que todas as informações (processos, fotos e videos) ficarão em uma única delegacia.
Mais cedo, o presidente da comissão, Eduardo Lima Neto, disse que vai
denunciar Bruno Ferreira Teles por tentativa de homicídio. "Quem atira
um coquetel, um explosivo contra uma multidão, contra a PM, contra seja
quem for, está assumindo o risco de matar alguém."
Fonte: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia
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