Chacina: polícia ainda não recebeu ordem de prisão contra ex-PM
- Condenado por matança na Candelária e considerado foragido, ele foi visto por vizinhos, no último fim de semana, no Rio Comprido
RIO - Pivô da chacina da Candelária — crime que completa nesta
terça-feira 20 anos e resultou nas mortes de oito moradores de rua no
Centro do Rio —, o ex-policial militar Marcus Vinícius Borges Emmanuel,
de 46 anos, que é considerado foragido da Justiça desde o último dia 10,
foi visto por vizinhos bebendo cerveja em companhia de uma mulher no
fim de semana passado. Morador da Vila São João, um simpático conjunto
de casas de dois e três andares no número 93 da Rua Cândido de Oliveira,
no Rio Comprido, o ex-PM não foi procurado pela Polícia Civil na
segunda-feira. O argumento da instituição é que o mandado de prisão
assinado pela juíza Juliana Benevides de Barros, da Vara de Execuções
Penais (VEP), não chegou à Polinter.
Por meio da assessoria de imprensa, o delegado Rafael Willis, diretor da unidade responsável pelo cumprimento de mandados de prisão, informou que a ordem de captura ainda não foi enviada pela VEP, 12 dias após ter sido expedida. Procurada para esclarecer a demora, a assessoria do Tribunal de Justiça do Rio até a noite de segunda-feira não havia se pronunciado.
Conforme O GLOBO noticiou, a informação de que o ex-PM estava foragido surpreendeu o desembargador José Muiños Piñeiro Filho, que na época atuou como promotor dos julgamentos que condenaram Borges por três vezes, sendo a última sentença de 300 anos. Após cumprir 18 anos de cadeia, o ex-policial recebeu indulto em junho do ano passado. O benefício acabou suspenso e Borges teve novamente a prisão decretada.
Irmã de vítima faz críticas
Para Patrícia Oliveira, irmã de Wagner Oliveira — sobrevivente do massacre que se tornou a principal testemunha da chacina e vive na Suíça —, o ex-PM conta com a proteção de amigos na corporação.
— Ele deixou muitos amigos na PM, tanto que só foi expulso da corporação em março de 2005. Essa situação é tão absurda que não falei com meu irmão. O Wagner sabe do indulto que o Borges tinha recebido. Acho um absurdo porque, se fosse outra pessoa, já estaria sendo caçada pela polícia — lamentou Patrícia.
O desembargador Muiños Piñeiro disse que a libertação de Borges e de outros dois ex-PMs condenados pela chacina gera medo nos parentes de sobreviventes e, sobretudo, em Wagner, que este ano decidiu não vir ao país para participar dos atos em homenagem aos mortos. Nesta terça-feira, às 22h, jovens vão carregar oito tochas do palco instalado para a Jornada Mundial da Juventude, na Praia do Leme, até a Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, em Botafogo. Lá, será realizada uma cerimônia em memória das vítimas do massacre.
Outra que não irá ao evento será a artista plástica Yvonne Bezerra de Mello. Por mais de dois anos, ela e a advogada Cristina Leonardo acompanharam a trajetória de crianças e adolescentes que viviam nas ruas ao redor da Candelária. Por e-mail, Yvonne disse que evita permanecer na cidade quando a data do massacre se aproxima:
— Eu sempre evitei me pronunciar nos aniversários da chacina porque para mim é doloroso ver pessoas se aproveitarem da morte daquelas crianças. Enquanto os meninos estavam na rua, ninguém lhes deu nenhuma ajuda. Eu me lembro desse dia com muita tristeza, ainda me lembro de cada uma das caras das crianças.
Por meio da assessoria de imprensa, o delegado Rafael Willis, diretor da unidade responsável pelo cumprimento de mandados de prisão, informou que a ordem de captura ainda não foi enviada pela VEP, 12 dias após ter sido expedida. Procurada para esclarecer a demora, a assessoria do Tribunal de Justiça do Rio até a noite de segunda-feira não havia se pronunciado.
Conforme O GLOBO noticiou, a informação de que o ex-PM estava foragido surpreendeu o desembargador José Muiños Piñeiro Filho, que na época atuou como promotor dos julgamentos que condenaram Borges por três vezes, sendo a última sentença de 300 anos. Após cumprir 18 anos de cadeia, o ex-policial recebeu indulto em junho do ano passado. O benefício acabou suspenso e Borges teve novamente a prisão decretada.
Irmã de vítima faz críticas
Para Patrícia Oliveira, irmã de Wagner Oliveira — sobrevivente do massacre que se tornou a principal testemunha da chacina e vive na Suíça —, o ex-PM conta com a proteção de amigos na corporação.
— Ele deixou muitos amigos na PM, tanto que só foi expulso da corporação em março de 2005. Essa situação é tão absurda que não falei com meu irmão. O Wagner sabe do indulto que o Borges tinha recebido. Acho um absurdo porque, se fosse outra pessoa, já estaria sendo caçada pela polícia — lamentou Patrícia.
O desembargador Muiños Piñeiro disse que a libertação de Borges e de outros dois ex-PMs condenados pela chacina gera medo nos parentes de sobreviventes e, sobretudo, em Wagner, que este ano decidiu não vir ao país para participar dos atos em homenagem aos mortos. Nesta terça-feira, às 22h, jovens vão carregar oito tochas do palco instalado para a Jornada Mundial da Juventude, na Praia do Leme, até a Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, em Botafogo. Lá, será realizada uma cerimônia em memória das vítimas do massacre.
Outra que não irá ao evento será a artista plástica Yvonne Bezerra de Mello. Por mais de dois anos, ela e a advogada Cristina Leonardo acompanharam a trajetória de crianças e adolescentes que viviam nas ruas ao redor da Candelária. Por e-mail, Yvonne disse que evita permanecer na cidade quando a data do massacre se aproxima:
— Eu sempre evitei me pronunciar nos aniversários da chacina porque para mim é doloroso ver pessoas se aproveitarem da morte daquelas crianças. Enquanto os meninos estavam na rua, ninguém lhes deu nenhuma ajuda. Eu me lembro desse dia com muita tristeza, ainda me lembro de cada uma das caras das crianças.
Fonte: http://oglobo.globo.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário