Centrais sindicais pedem mudança na política macroeconômica
O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), chegou a sugerir a demissão do ministro da Fazenda, Guido Mantega
Carla Araújo, Roldão Arruda e Fernando Gallo - O Estado de S. Paulo
A manifestação das centrais sindicais na Avenida
Paulista nesta quinta-feira, 11, teve críticas ao governo Dilma, mas sem
ataques diretos à presidente. Segundo cálculos da Polícia Militar,
cerca de 7 mil pessoas fecharam a via. Os manifestantes falam em 20
mil.
Epitácio Pessoa/AE
Manifestação na Avenida Paulista teve pico de concentração de 7 mil pessoas, segundo a PM
O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva, o
Paulinho (PDT-SP), afirmou que o ato realizado nesta quinta-feira, 11,
pelas centrais sindicais do País é também contra a política econômica e
sugeriu a demissão do ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Ninguém mais
liga para o que o Mantega fala", opinou.
Paulinho disse que as centrais farão uma reunião amanhã pela manhã na
sede da Força Sindical e devem fixar um prazo para que a presidente
Dilma Rousseff atenda às reivindicações dos trabalhadores. "Senão, vamos
começar a organizar uma greve geral", disse, alegando que os atos de
hoje "foram um sucesso".
O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, também fez críticas à
política econômica do governo federal. "É excrescência aumentar a taxa
de juros e punir a produção e o crescimento", afirmou, citando a reunião
de ontem do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou a taxa
Selic para 8,5% ao ano.
"Não aceitamos que a pauta dos empresários seja levada em conta e não
aconteça a mesma coisa com a pauta dos trabalhadores", disse Vagner
Freitas. Questionado se faz uma avaliaçaõ positiva ou negativa do
governo, ele respondeu que "para a posição da CUT não importa o governo
do plantão. A CUT só tem um lado: o dos trabalhadores".
Congresso. Freitas disse, no entanto, que o Poder
Legislativo tem a maior responsabilidade em atender à pauta trabalhista,
já que "grande parte das reivindicações está parada no Congresso". "É
preciso destravar e tirar da gaveta os projetos dos trabalhadores, assim
como eles tiram os dos empresários", afirmou.
O presidente da CTB, Vagner Gomes, disse que "o governo tem que mudar
a política macroeconômica". "Não é possível continuar guardando uma
montanha de dinheiro para pagar juros da dívida pública", afirmou. Além
da crítica à economia, ele ressaltou pontos comuns da pauta dos
trabalhadores. "Estamos na rua para dizer à presidente Dilma que é
preciso acabar com o fator previdenciário e é preciso dar saúde,
educação e habitação ao povo brasileiro."
O presidente da CUT-SP, Adi dos Santos, afirmou que a entidade é a
favor da reforma política, mas essa questão não foi contemplada nos
protestos realizados hoje por acordo entre as centrais. Segundo ele,
ainda não é possível fazer um balanço do Dia Nacional das Lutas, mas a
CUT conseguiu mobilizar trabalhadores em pelo menos 18 pontos no Estado.
Ausência. Adi ponderou que o fato de os metroviários
não terem participado do dia de protestos enfraqueceu o movimento.
"Provavelmente, a adesão seria muito maior, mas temos de respeitar a
decisão do sindicato", disse.
Apesar de confirmar que deve se reunir com os demais líderes das
centrais amanhã para realizar um balanço dos atos de hoje, Adi rechaçou a
ideia de uma greve geral. "Acho muito difícil", afirmou. "Greve geral
tem de ter sentimento da sociedade, a população teria de assumir a luta e
eu acho difícil isso acontecer."
Com relação às manifestações que têm acontecido desde junho nas ruas
de todo o País, o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, frisou que
as centrais já brigam desde muito tempo atrás. "Aos que estão chegando
agora, sejam bem-vindos. Nós já estamos na rua há muito tempo para
mobilizar a classe trabalhadora e lutar pelos seus interesses."
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