Brasileiros ‘descobrem’ mobilização em redes sociais durante protestos
Redes sociais tiveram picos de participação de usuários brasileiros em junho
A mobilização de usuários do
Facebook e do Twitter, os dois sites de redes sociais mais acessados do
Brasil, foi considerada uma das principais forças por trás das
manifestações que atingiram todo o país durante o mês de junho. Na
internet, tanto usuários experientes quanto iniciantes se tornaram
organizadores, comentaristas e protagonistas dos protestos.
O Twitter é apontado por usuários entrevistados
pela BBC Brasil como uma das principais fontes de informação em tempo
real sobre o que acontecia durante as manifestações. O Facebook, por
outro lado, foi usado principalmente para organizar atos de protesto e
demonstrar posicionamentos políticos.
Facebook e Twitter não divulgaram dados sobre o
número de perfis novos criadas no Brasil no período. No entanto, um
levantamento da consultoria Serasa Experian, divulgado pelo jornal Valor
Econômico, aponta que o Facebook teve uma taxa de participação (perfis
de usuários que tiveram atividade) de 70% dos brasileiros com presença
no site no dia 13 de junho ─ o terceiro pico de participação do ano. O
Twitter, por sua vez, contabilizou cerca de 11 milhões de tweets com a
palavra "Brasil" e 2 milhões mencionando "protesto" entre os dias 6 e 26
de junho.
A movimentação também fez o caminho inverso ─
além de levar internautas para as ruas, trouxe pessoas também para
dentro das redes virtuais. Conheça algumas histórias:
- Samantha Macedo, de 27 anos, Fortaleza (CE)
- Renato Fontes, de 23 anos, São Paulo (SP)
- Filipe Canto, de 21 anos, Rio de Janeiro (RJ)
- Malu Blanco, de 62 anos, Niterói (RJ)
- Lucas Dias de Souza, de 32 anos, Brasília (DF)
"Eu acompanhava as manifestações pelo
Facebook, só que as informações chegavam muito atrasadas, porque as
pessoas só postavam quando chegavam em casa. Mas meu irmão tem Twitter e
me falava do que ficava sabendo por lá. Como o Twitter funciona como um
jornal, as pessoas tiravam fotos e postavam lá mesmo, porque não
precisa de tanta internet para usá-lo.
Na quarta-feira, 19 de junho, dia do
primeiro jogo do Brasil em Fortaleza (pela Copa das Confederações), meu
irmão ficou sabendo da manifestação no Castelão pelo Twitter. Assim que
eu soube eu baixei o aplicativo no celular e fui pra lá. Tinha uma
menina que estava mais na frente da manifestação e avisava que onde
estava a polícia e onde havia bombas de gás. Por causa disso, eu e meus
amigos ficávamos mais atrás e avisávamos a outras pessoas onde estava
mais seguro.
Na última manifestação do Castelão eu
me informei bastante também e consegui até evitar um pouco a repressão
policial. Entrava em contato com meus amigos pelo Facebook e
combinávamos de ir juntos. Fugi de várias bombas de gás na manifestação
por conta do Twitter, usando as hashtags #protestoce, #sosfortaleza e
#fortalezadepressão.
Eu faço mestrado em educação, mas já
fui do Centro Acadêmico da Universidade Estadual de Pedagogia.
Antigamente, organizar um movimento dentro da universidade era uma luta
muito grande. Era preciso fazer os "mosquitinhos", panfletos pequenos
para convencer as pessoas de que era preciso ir. Era algo muito
individual. A gente alcançava um público muito pequeno, no máximo 200
pessoas.
Agora, acho que com a velocidade da
internet e a rapidez das informações, conseguimos convencê-las mais
facilmente pelas imagens, pelos vídeos, pelos depoimentos. Você posta um
comentário e a coisa se espalha e todos vão, é incrível o que se vê de
senhoras, adultos, crianças e adolescentes."
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