Tarifa zero tem apoio de 30 mil, diz movimento
São Paulo - O Movimento Passe Livre (MPL) afirma ter cerca de 30 mil
assinaturas para o projeto de lei proposto pelo grupo para implementar a
tarifa zero no transporte público de São Paulo. O projeto, entretanto,
poderá parar no Supremo Tribunal Federal (STF), caso seja aprovado pela
Câmara Municipal.
O texto, com 26 artigos, assegura que o
transporte seja um direito do cidadão, que pode ser usufruído sem o
pagamento de tarifa, cujos custos de operação sejam custeados pelo Fundo
Municipal de Transportes. Mas, diferentemente do que circula nas redes
sociais, o projeto não é uma defesa da estatização do transporte
público. A lei, se for aprovada, permitirá que a Prefeitura contrate
empresas para gerenciar e operar a frota de ônibus, desde que as
decisões sejam submetidas à administração municipal. A composição dos
recursos que iriam para o Fundo Municipal de Transporte também não é
descrita pelo MPL no projeto.
A estudante de Direito Nina
Capello, integrante do MPL, afirma que a falta de um indicativo para a
origem dos recursos é proposital para tornar a proposta legal. "É só o
Executivo que pode propor isso. Senão, o projeto de lei poderia ser
inconstitucional", afirma. Mas isso não é consenso. A lei que cria o
Fundo Nacional de Moradia Popular, de 2005, foi criada em 2005 usando o
mesmo mecanismo adotado pelo MPL e ainda não recebeu questionamentos.
Entretanto, a Lei Orgânica do Município (LOM) diz que a gestão de
recursos e a criação de órgãos é de competência reservada do prefeito.
"O tema é novo e a doutrina, divergente. Não houve decisão do STF.
Alguns vão aplicar a literalidade da lei. Em bancas de concursos, a
resposta é que não pode a iniciativa popular", diz o advogado Pedro
Lenza.
Passageiros
Os passageiros de
pelo menos 14 ônibus municipais da capital paulista pagaram mais do que
deviam pelo transporte público nesta segunda-feira, 24 - e, em alguns
casos, também ganharam um desconto inesperado. Mesmo com a redução da
tarifa, alguns passageiros desembolsaram os antigos 3,20 reais em vez de
3 reais. A maior parte dos casos aconteceu com quem pagou a passagem
com o cartão do Bilhete Único e em ônibus de linhas da zona oeste. Mas
dificuldades também foram relatadas em outras regiões da capital.
"Minha
cunhada pegou um ônibus no Terminal Aricanduva, na zona leste, e foram
debitados 3,20 reais do cartão dela e de um rapaz que passou depois. Foi
aquela confusão, queriam o dinheiro de volta. Mas ninguém devolveu
porque não era o cobrador que podia fazer isso", afirmou o autônomo
Rafael Felício Franco.
Questionada, a São Paulo Transporte
(SPTrans), empresa que gerencia os ônibus na cidade, confirmou que os
coletivos da operadora Oak Tree, que atua na zona oeste, estavam com os
validadores ainda na tarifa antiga. Os veículos foram recolhidos pela
manhã e o erro, corrigido. À tarde, estavam de volta às ruas.
"Reiteramos
que nenhum passageiro que teve a cobrança indevida será prejudicado,
pois no prazo de 72 horas estaremos creditando a diferença cobrada
direto nos cartões de Bilhete Único quando passarem nos validadores",
afirmou a SPTrans. O secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto,
também afirmou que haverá a devolução. "Os 20 centavos de diferença
serão reembolsados", afirmou.
Outros passageiros de ônibus
afirmaram que pagaram menos do que os 3 reais. Uma usuária disse ter
sido debitada 2,50 reais num ônibus. No metrô, a reportagem recebeu a
informação de que algumas catracas já cobravam o valor reduzido de 3
reais na noite de sábado, 22. Essa era a situação, por exemplo, na
Estação Consolação, na Linha 2-Verde. Na Estação Vila Madalena, da mesma
linha, na manhã de sexta-feira, 21, o valor de 3 reais já era cobrado.
Oficialmente, a alteração do preço só entrou em vigor à zero hora desta
segunda-feira. (Nataly Costa, Diego Zanchetta e Caio do Valle)
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