No seus rostos está estampado o desejo de
lutar pelo que lhes pertence, tal como está escrito no muro que recebe
aos próprios estudantes e a jornalistas estrangeiros, como nós, em sua
barricada de dignidade: “defendemos o que é nosso”.
Fotos: Marcelo Aguilar, do Brecha (Uruguai)
Desde
9 de novembro, diversas escolas do estado de São Paulo vêm sendo
ocupadas, e já são mais de 170 as que se encontram tomadas por crianças,
jovens e professores. Em seus semblantes está o desejo de lutar por
aquilo que lhes pertence, tal como diz o muro que recebe a eles e aos
jornalistas estrangeiros, como nós, em sua barricada de dignidade:
"defendemos o que é nosso". Assim, acompanhamos um grupo de alunos em
uma das escolas ocupadas na zona leste da cidade.
A
Escola Estadual Salvador Allende é uma das 190 escolas tomadas em São
Palo. Casualidade? Não, este é um nome apenas condizente com a luta
digna deste grupo de 50 pequenos jovens que, não conformados só em
ocupar a escolas, se dispuseram como grupo de apoio para as ações em
toda a região.
Está localizada na periferia de São Paulo
(Itaquera), na zona leste, a mais pobre e populosa da cidade. Seus
estudantes são moradores do bairro; rebeldes, não submissos e
organizados em meio a um contexto adverso de vigilância e
criminalização.
Todas as decisões que tomam são
consultadas em assembleias populares. Discutem quando, como, porque e
para que ocupar as escolas. Os trabalhos são divididos de maneira justa.
Não descansam um segundo. Contam com um esquema de controle para as
entradas e saídas dos visitantes na escola. Só eles decidem quem os
entrevista, fotografa, apoia nas decisões e assiste suas reuniões.
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| Escola Salvador Allende, zona leste de São Paulo | |
A origem
Tudo
se iniciou com o Decreto de Reorganização Escolar, emitido pelo
governador do estado, Geraldo Alckmin, do PSDB, o principal opositor do
governo atual, encabeçado por Dilma Rousseff, do PT. O decreto prevê o
fechamento de pelo menos 94 escolas, prejudicando mais de 311 mil e 74
mil professores.
Um estudante do terceiro ano da Escola
Estadual Fernão Dias disse ao Brasil de Fato, dias antes, que "a
quantidade de pessoas que terão que mudar de escolas, muito distantes de
suas casas, é muito grande", acrescentou ainda que "a escola é um
espaço para a formação política, não só para entregar trabalhos e fazer
avaliações".
E o governo estadual? Sua atitude é de
silêncio e negação. Apenas em 19 de novembro manifestaram a "vontade" de
suspender o decreto, gesto que os