Trabuco diz que crise política é maior do que a econômica
"Pessoas precisam ter a grandeza de separar o ego pessoal do que é melhor ao país"
Jornal do Brasil
O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, em entrevista à Folha nesta
última quinta (6), na sede do grupo em São Paulo, elogiou o trabalho da
atual equipe econômica do governo, que aumentou os juros para reduzir a
inflação e encaminhou medidas para reduzir o gasto público. Trabuco foi
a primeira opção da presidente Dilma para o comandar o Ministério da
Fazenda, cargo ocupado por Joaquim Levy.
"A crise política é mais
forte que a econômica. Isso abala a confiança no país e retarda a
retomada do crescimento." Na quarta-feira (5), em evento que marcou a
contagem de um ano para a Olimpíada, Trabuco falou sobre a situação
econômica do país, destacando que se trata de um ciclo que passará e que
o país tem potencial de crescimento.
Para
o Bradesco, a recuperação da economia brasileira deve começar a partir
de junho do ano que vem, puxada por investimentos em projetos de
infraestrutura.
Sobre a crise política, comentou: "Há uma crise
grave, séria. Vamos ter de consertar este avião em pleno voo, não dá
para esperar a aterrissagem. Políticas monetária e fiscal austeras
apenas não bastam." Trabuco também alertou que "todos os participantes
desse processo -- políticos, Executivo, autoridades -- têm de
pensar
grande". "Precisamos ter a grandeza de buscar a convergência."
Sobre
a atuação do Congresso na crise política, ponderando sobre os limites
de sua opinião sobre "determinadas atitudes", destacou que é preciso
sair desse "ciclo do quanto pior, melhor". "Melhor para quem? Para o
Brasil, não é. As pessoas precisam ter a grandeza de separar o ego
pessoal do que é o melhor para o país."
Para Trabuco, não se conseguiu antever
o que aconteceria após a redução no preço das commodities que o Brasil
exporta, que trouxe perdas para a renda nacional. "E acreditamos em
coisas que não deram certo, como segurar os preços administrados. Quando
2015 chegou, era inevitável ter inflação acima de 9%."
"Mas essa é
uma inflação corretiva, que está equacionando uma diferença de preços e
tem prazo para acabar. A política monetária foi executada. Nós
trabalhamos com um PIB extremamente modesto, fraco até junho do ano que
vem. Depois tem a retomada. Mas essa retomada será puxada pelos
investimentos em infraestrutura", completou.
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