Tensão aumenta
"Atuação militar russa é declaração de guerra", diz premier ucraniano
Com tropas russas na Crimeia, Ucrânia fechou espaço
aéreo para aviões não comerciais e ordenou mobilização militar completa
Genya Savilov / AFP
A Ucrânia ordenou neste domingo 2 uma
mobilização militar completa em resposta à movimentação de tropas russas
na região da Crimeia, que faz parte do território ucraniano. As tensões aumentaram consideravelmente no sábado
1, quando o parlamento russo autorizou o uso de tropas no país vizinho.
Com isso, a Ucrânia anunciou o fechamento do seu espaço aéreo para
aviões não comerciais, as Forças Armadas foram colocadas em atenção, os
reservistas estão sendo mobilizados e
treinados, e a segurança de locais
chave no país, como plantas de energia nuclear, foi aumentada.
O primeiro-ministro ucraniano, Arseniy
Yatsenyuk, afirmou que o país está a "beira de um desastre" e que a
atuação russa é "uma declaração de guerra contra o meu país". "Pedimos
que Putin retire suas tropas da Ucrânia e honre acordos bilaterais. Se
ele [Putin] quer ser o presidente que iniciou uma guerra entre dois países vizinhos e amigos, ele está muito próximo de atingir seu objetivo."
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) está em conversas de emergência para lidar com a crise no leste europeu. A organização afirmou que as ações da Rússia na Crimeia "ameaçam a paz e a segurança na Europa".
No sábado, os Estados Unidos exigiram o fim imediato da intervenção russa e a Ucrânia pediu apoio internacional em uma reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU. Kiev alertou que inúmeros soldados russos chegavam à península autônoma da Crimeia.
A embaixadora norte-americana na
ONU, Samantha Power, classificou a decisão do Parlamento russo de
"perigosa e desestabilizadora" e acusou Moscou de atuar sem base legal.
"Viola o compromisso da Rússia de proteger a soberania, integridade
territorial e independência da Ucrânia", afirmou. "É tempo de cessar a
intervenção russa na Ucrânia. Os militares russos devem se retirar",
alertou Power.
"Estamos certos de que a Rússia
não fará uma intervenção, e de que isto significaria a guerra e o fim da
relação entre os dois países", declarou o primeiro-ministro, Arseni
Yaseniuk.
Conversa entre Obama e Putin
No sábado, o presidente dos EUA,
Barack Obama, conversou por telefone com Vladimir Putin, presidente da
Rússia. Segundo a Casa Branca, Obama disse ao colega que a Rússia violou
leis internacionais com sua incursão na Crimeia e alertou sobre as
represálias dos EUA e seus aliados. Ele expressou sua preocupação “com a
clara violação” à “soberania ucraniana e à integridade territorial”.
Obama disse a Putin que as ações
dele eram uma violação da Carta da ONU e do acordo militar russo de 1997
com a Ucrânia. "Os Estados Unidos pedem à Rússia que reduza as tensões
com a retirada de suas forças a suas bases na Crimeira e que se abstenha
de interferências em qualquer lugar da Ucrânia", disse o comunicado da
Casa Branca.
Putin respondeu que a Rússia tem
direito de "proteger seus interesses e a população de língua russa" na
Ucrânia, segundo comunicado do Kremlin. O líder russo evocou "a
verdadeira ameaça que pesa sobre a vida e a saúde dos cidadãos russos no
território ucraniano" assim como "as ações criminais dos
ultranacionalistas apoiados pelas atuais autoridades em Kiev".
Pedido da Ucrânia
Na sessão de emergência do
Conselho de Segurança, o embaixador ucraniano na ONU, Yuriy Sergeyev,
pediu que o órgão faça “todo o possível para deter a agressão da
Federação Russa”. Segundo ele, as tropas russas entraram na Ucrânia
ilegalmente como um "ato de agressão contra o estado" e "o número deles
vem aumentando a cada hora”. Sergeyev também pediu o envio de
observadores internacionais.
Autoridades em Kiev acusam a
Rússia de ter enviado 6 mil soldados adicionais à Crimeia. Dezenas de
homens armados pró-russos com traje de combate patrulham os arredores de
edifícios oficiais na capital da Crimeia, Simferopol, onde também
tomaram o controle do parlamento, aeroportos e uma base militar.
O embaixador russo criticou o
apoio ocidental aos protestos que levaram à saída do presidente
ucraniano Viktor Yanukovytch e afirmou que Putin ainda não tomou uma
decisão quanto ao uso de tropas. "Repito, como Eliason disse
corretamente, precisamos manter o sangue fria", disse o Vitali Churkin.
Com informações AFP.
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