O gráfico dos gráficos: João da Costa Pimenta
Em
7 de fevereiro deste ano, na próxima sexta-feira, comemora-se 91 anos
do Dia Nacional dos Trabalhadores Gráficos. Foi quando pela primeira vez
na história do Brasil se instituiu uma convenção coletiva de trabalho
em favor da categoria gráfica. Evidente, que como tudo na vida, a
conquista saiu de “mão beijada”, mas foi resultado de uma grande greve
organizada pelos trabalhadores, naquele tempo em que não havia direitos
trabalhistas, nem se permitia a organização sindical. Contudo, mesmo
assim, liderado pelo gráfico João da Costa Pimenta – considerado até
hoje o maior de todos os gráficos – a vitória prosperou. Viva os
gráficos!
Um homem simples, realmente, mas um vanguardista, um progressista.
Esteve à frente de várias iniciativas de organização operária a nível
nacional durante o processo de industrialização do país. Foi fundador da
primeira tentativa da construção da Confederação Operária Brasileira;
presidiu o histórico Terceiro Congresso; foi um dos oito delegados do
Congresso de Fundação do Partido Comunista do Brasileiro, em 1922, sendo
o primeiro candidato operário no país, lançado pelo então partido.
Também participou da insurreição operária no Brasil, promovida pelos
anarquistas em 1917. Algumas décadas à frente, com o fim do Estado Novo,
em 1945, ainda ajudou a fundar o Partido Socialista Brasileiro, sendo
candidato ao senado por São Paulo nas eleições Constituintes.
Entretanto, é ainda preciso retroceder no tempo, para ilustrar e
destacar mais a respectiva atuação combativa deste simples e grande
homem no comando de grandes greves do início do século passado, a
exemplo da Greve Geral de 1917 e da Greve dos Gráficos de 1923. Na
primeira, ele foi um dos dirigentes do Comitê que coordenou a greve mais
famosa do país, conquistando a redução da jornada semanal de trabalho
para 48 horas. Na segunda, fundou e presidiu o mais bem organizado
sindicato do país, a União dos Trabalhadores Gráficos, e conduziu a
greve dos gráficos até emplacar a maior derrota dos patrões na história
do Brasil.
Os gráficos permaneceram 42 dias em greve até que todas as empresas
do estado de São Paulo reconhecessem as reivindicações da categoria.
“Se necessário, comeremos terra”, disse João da Costa Pimenta, após
uma sequência de represálias da polícia, orquestradas pelos patrões,
inclusive, com a prisão dele, e a invasão do galpão com a destruição de
alimentos que, foram doados por operários de outras categorias, e
serviam de sobrevivência dos gráficos grevistas. Diante do episódio, a
consciência de classe se misturou com a indignação dos trabalhadores que
resistiram até que todas as exigências fossem aceitas por todas as
empresas.
Este é o legado dos trabalhadores gráficos, e destacadamente do maior
de todos os gráficos: João da Costa Pimenta, um homem simples, que a
partir de sua ideologia em acreditar na justiça social e lutar pela
classe operária brasileira, tornou-se um grande líder e protagonizou um
dos mais combativos episódios de resistência, unidade e mobilização da
categoria. O seu desejo era de que o dia 7 de fevereiro, data em que se
iniciou a greve de 1923, nunca fosse esquecida pelos gráficos. Ela se
tornou do Dia Nacional do Gráfico e continua viva na memória dos
trabalhadores como a maior expressão de luta e de vitória da categoria.
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