MTE suspende registro de 380 sindicatos em quatro meses
Manoel Messias acredita que novas regras combatem "fábrica de sindicatos" e pede reforma sindical
O
número de registros sindicais concedidos neste ano, no entanto, já é
maior que o registrado em 2012. Em 2010 e 2011, foram outorgados, em
cada ano, uma média de 240 registros. No ano passado, o número caiu para
103 e, neste, já foram concedidos 104 registros. Messias explica,
todavia, que o número é reflexo do atendimento a processos anteriores à
implantação das novas regras.
O grande problema, porém, continua
sendo o modelo de atuação dos sindicatos e a constante fragmentação
deles. O secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, acredita que o
surgimento de novos sindicatos todos os dias revela que o Brasil está na
contramão do resto do mundo. A fragmentação, ele reforça, acaba
atrapalhando tanto os trabalhadores como as entidades. A solução seria o
surgimento de uma legislação favorável à fusão de sindicatos, como
acontece em outros países, não o desmembramento.
"Se você pegar o
código brasileiro, percebe que podemos ter muito mais sindicatos do que
já temos hoje. Os pedidos de criação de entidades chegam e o ministério
não tem como negar. É preciso uma mudança na estrutura sindical. Já
passou da hora de fazer essa mudança. Para ter direito a criar um novo
sindicato e ter acesso aos recursos, é necessário que seja exigida
dessas entidades uma representatividade mínima dos trabalhadores. Tem
que haver um certo entendimento entre as centrais sindicais e o
ministério para estabelecer novas regras para isso", alerta Sérgio.
Henrique
André Ramos Wellen, doutor em Serviço Social e professor da UFRJ,
aponta problemas no modelo de atuaçao dos sindicatos como a cobrança
compulsória no salário dos brasileiros, que já é baixo. Para ele, o
sindicato, apesar de ser um instrumento indispensável para a
organização dos trabalhadores, tem um claro limite, que é a sua
caracterização corporativa e econômica.
"A cúpula dos
sindicatos não somente negocia pelo alto com empresários e
representantes do governo, como a base social que os elege fica ausente
de requisitos básicos que possibilitem apreender essas manobras
veiculadas. Esses problemas terminam por impedir uma relação mais
próxima com o resto da população que, manipulada por entidades
midiáticas, termina se voltando contra as suas lutas. Isso se agrava
pelas relações com o estado, já que parte dos governantes busca se
utilizar dos sindicatos como massa de manobra a favor da sua aprovação
eleitoral e, assim, apaziguar os trabalhadores. Gera-se um vácuo na
representação dos trabalhadores", declara Wellen.
Manoel Messias
defende a realização de uma reforma sindical, para alterar o
modelo dos sindicatos, sem negar que eles tenham um papel importante nas
conquistas trabalhistas ao longo da história. "Não estamos debruçados
nessa tarefa [reforma sindical], é preciso que haja vontade das centrais
sindicais dos trabalhadores, nem todas as centrais defendem a reforma
sindical",
A princípio, os sindicatos deveriam democratizar seus
procedimentos e renovar as questões grevistas, acredita Messias. Ele
reforça que contribuem para o modelo falho a liberdade de criação de
entidades e a contribuição compulsória dos trabalhadores.
Manoel
informou que o Ministério trabalha para desenvolver uma tabela de
categorias de sindicato até o final do ano - para combater a existência,
por exemplo, de dois sindicatos que representem a mesma categorias em
um mesmo lugar, com nomes diferentes.
Todo ano, cada empregado
destina um dia do seu trabalho para o imposto sindical, que é repassado
então para os sindicatos registrados no Ministério do Trabalho. A
instituição responsável pela manutenção da conta-corrente da
contribuição sindical urbana de cada entidade sindical é a Caixa
Econômica Federal. As informações referentes aos valores creditados aos
envolvidos no processo são protegidas pelo Sigilo Bancário. De acordo
com o relatório do DIEESE de apuração da representatividade sindical de
2013, o total de trabalhadores sindicalizados no Brasil é 7.569.865
(sete milhões, quinhentos e sessenta e nove mil, e oitocentos e sessenta
e cinco).
Fonte: http://www.jb.com.br
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