Por que separar banheiros se as necessidades são iguais?
Quando
x cartunista Laerte foi constrangidx a não usar mais o banheiro
feminino de uma padaria em São Paulo, uma questão que estava latente na
sociedade brasileira ganhou projeção nacional: este era apenas um de
muitos relatos de intolerância em relação à utilização de banheiros
públicos ou de estabelecimentos privados por pessoas trans*.
“Necessidades Iguais” é um projeto fotográfico que surge inspirado
nesses tristes episódios. A proposta é simples: fotografar a porta de
cada banheiro e a privada dentro.
Até agora, as imagens foram feitas em São Paulo, Porto Alegre, Ilha Solteira, Bataguassu, Barcelona, Madrid e Londres.
Na maioria dos lugares, encontrei a mesma divisão binária que, como
um muro, separa as pessoas em grupos pré-estabelecidos, sem permiti-las
simplesmente serem quem são. Uma barreira fictícia, uma imposição que
nos aparta naquilo em que somos mais iguais: as necessidades
fisiológicas.
A cada novo banheiro, a mesma percepção: não importa o que está
escrito ou ilustrado no exterior, por dentro tudo é muito semelhante.
Então por que a divisão?
Bem, os espaços de exclusão persistem ao longo da história. Alguns
tornam-se verdadeiros templos onde poucos têm acesso. No Brasil, um dos
exemplos recentes mais gritantes foi o de uso exclusivo do elevador
principal dos edifícios apenas por pessoas brancas. Intolerância e
preconceito no lugar da aceitação da pluralidade.
Espero que esse projeto fotográfico, que continuará sendo alimentado
pelos próximos meses, possa contribuir para um mundo sem cercas ou
divisórias.
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