América Latina
Lula: esquerda tem obrigação de garantir as conquistas sociais da última década
Durante cerimônia que abriu a 19ª edição do Foro de
São Paulo, ex-presidente afirmou que a América Latina pode ser o "grande
farol para a nova esquerda que precisa ser construída no mundo"
por Ricardo Rossetto
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publicado
03/08/2013 14:34
Instituto Lula
Durante a cerimônia de abertura oficial da 19ª
edição do Foro de São Paulo, nesta sexta-feira 2, o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva afirmou que a esquerda tem a obrigação de garantir
que nenhum retrocesso ocorra nas conquistas sociais da última década, e
que é preciso parar de reclamar dos ataques da direita através da mídia
conservadora.
O evento aconteceu na quadra do Sindicato dos Bancários, no centro da
cidade de São Paulo, e contou com a presença delideranças regionais,
estaduais e nacionais de esquerda, líderes das centrais sindicais CTB e
Central Única dos Trabalhadores (CUT) e representantes de partidos e
organizações de esquerda de toda a América Latina e Caribe.
No início do seu discurso, o ex-presidente disse que seria breve,
porque o departamento de estado americano estava vigiando e ele tinha
que tomar cuidado com o que falva. “Brincadeiras à parte, a direita não
tem aceitado que forças progressistas assumissem a presidência dos
governos da América Latina. E eu quero creditar parte da chegada das
forças de esquerda ao poder ao Foro de São Paulo. Por isso, temos
obrigação de não garantir retrocessos nas conquistas obtidas até agora",
disse.
Lula afirmou que é preciso reorganizar o Foro de São Paulo para
"continuar evoluindo". O petista disse acreditar na internet como a
melhor plataforma para as esquerdas difundirem seus conceitos e
ideologias a milhões de pessoas. "É preciso dar mais organicidade ao
Foro, divulgar melhor nossas ideias e aprimorar as formas de comunicação
entre nós", explicou. "Precisamos discutir isso a sério, arrumar esse
dinheiro e fazer as coisas acontecerem."
Lula destacou ainda que os partidos políticos de esquerda não podem
mais agir da maneira antiga de se fazer política, e as recentes
manifestações que chacoalharam o País pegaram todos os partidos e todo
os movimentos sociais de surpresa, "porque o sistema atual é
falho". “Não temos passado uma mensagem de esperança para a nossa
juventude”.
O foro foi constituído em 1990 quando Lula e Fidel Castro,
ex-presidente de Cuba, convidaram outros partidos e movimentos sociais e
revolucionários da América Latina e do Caribe para discutir
alternativas às políticas neoliberais dominantes no continente durante
aquele período. 23 anos depois da primeira reunião no Hotel
Danúbio, em São Paulo, Lula reconhece a evolução da discussão política
da esquerda latino-americana a partir do foro, mas aponta a necessidade
de avançar “cinquenta ou cem vezes mais” na integração econômica e
social dos países da região, tendo o Brasil como a nação ‘ponta de
lança’ nesse processo.
“Os nossos dirigentes partidários precisam saber que precisamos
trocar mais informações e experiências, e os nossos governantes precisam
entender que é preciso dividir seu tempo entre cuidar da política
externa de cada país e cuida da política de integração. Isso não se faz
por telefone”, disse o ex-presidente.
Para o petista, a América Latina pode ser o grande farol para a nova
esquerda que precisa ser construída no mundo. “O PT, junto com os demais
partidos de esquerda do Brasil, precisam entender que o Brasil tem a
maior responsabilidade no processo de integração regional, pelo fato de
sermos o maior país, e termos a maior economia. Se não assumirmos essa
responsabilidade, tudo será mais complicado”, concluiu.
Dilma: “Foro é extraordinário laboratório político”
Em mensagem de apoio gravada e transmitida durante na abertura da
cerimônia, a presidenta Dilma Rousseff classificou o Foro de São Paulo
como sendo um “extraordinário laboratório político”, onde os partidos
progressistas da América Latina e do Caribe formularam projetos e
alternativas que estão mudando a realidade no continente.
“No centro desses projetos, está a redução da histórica e ultrajante
desigualdade, que por séculos corroeram nossas sociedades. Todos os
condutores das grandes transformações no nosso continente chegaram ao
poder por meio de eleições absolutamente livres, democráticas e com
ampla participação popular. Mas nós não nos conformamos com os avanços
conquistados. Temos grandes desafios pela frente, resultantes das
próprias transformações que realizamos. Nós temos disposição de associar
o futuro do Brasil ao da América Latina e do Caribe", afirmou a
presidenta.
Também presente no evento, o presidente nacional do PT, Rui Falcão,
diisse que a "revolução bolivariana continuará por muito tempo", a
despeito da morte do ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez. "A direita
sem escrúpulos está permanentemente atrás de oportunidades, para
retomar o passado, como bem demonstraram os golpes em Honduras e no
Paraguai. E aqui no Brasil, apesar dos ataques diários da mídia
conservadora, que funciona como um partido de oposição, não recuaremos
da nossa tarefa histórica de mudar o país. Colocamos na agenda política a
discussão de uma série de reformas, principalmente o funcionamento do
nosso sistema político, no sentido de democratizá-lo."
As atividades do Foro de São Paulo se estendem até domingo, 4, quando
ocorrerá uma cerimônia de encerramento com a presença do presidente da
Bolívia, Evo Morales.
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/politica
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