EUA gastam meio bilhão de dólares por ano para manter Guantánamo
Custo anual de cada prisioneiro chega a U$S 2,7
milhões. Cerca de 100 prisioneiros continuam em greve de fome, que já
dura cinco meses
O
governo dos Estados Unidos gasta US$ 2,7 milhões por prisioneiro de
Guantánamo a cada ano, gerando um custo anual de quase meio bilhão de
dólares para manter funcionando seu complexo presidiário no leste de
Cuba. O cálculo foi feito por integrantes do Partido Democrata que fazem
campanha pelo fechamento do presídio e os dados apontam que, até o
final do próximo ano, os EUA deverão ter gastado mais de U$S 5 bilhões
com Guantánamo. As informações são do jornal Miami Herald.
Os
gastos deste ano - US$ 454,1 milhões para operação, equipe e manutenção
- vêm do Departamento de Defesa estadunidense e, segundo o jornal Miami
Herald, aparentemente trazem, pela primeira vez, os gastos com tropas
militares enviadas à prisão. Desde que foi aberta, em 2002, Guantánamo
demanda inúmeras tropas, que recebem tratamento especial para a tarefa.
Apesar
da previsão de U$S 5,242 bilhões gastos até o final de 2014, o Miami
Herald afirma que os custos totais de Guantánamo devem ser ainda mais
altos, pois os dados oficiais parecem não incluir as sedes dos campos do
presídio, construídas em 2004 por U$S 13,5 milhões, ou as celas
secretas para presos que são ex-agentes da CIA, cujo preço nunca foi
divulgado.
O porta-voz de Guantánamo, entretanto,
capitão da Marinha Robert Durand, se manifestou dizendo que o valor de
U$S 2,7 milhões por prisioneiro representa “custos carregados” de se
manter o complexo, que conta hoje com uma equipe de 2 mil funcionários e
166 presos, que se dividem em sete tipos diferentes de aprisionamento,
incluindo a enfermaria e o hospital psiquiátrico.
Essas
informações oficiais do governo estadunidense foram expostas pela
primeira vez na semana passada, em sessão do Comitê Judiciário do Senado
dos EUA convocada pelo senador Richard Durbin, que já defende o
fechamento de Guantánamo há anos.
“Faça as
contas: 166 prisioneiros, U$S 454 milhões. Nós estamos gastando U$S 2,7
milhões por ano com cada preso em Guantánamo”, disse, lembrando que na
prisão considerada a mais segura dos EUA, no Colorado, cada preso custa
em média U$S 78 mil por ano.
Durbin elogiou as
tropas militares que trabalham em Guantánamo, mas fez uma ressalva
dizendo que gastos tão altos “seriam fiscalmente irresponsáveis durante
tempos econômicos normais”, mas que são ainda piores quando “o
Departamento de Defesa está lutando para lidar com o isolamento,
incluindo as demissões e os cortes, e treinamento para nossas tropas”.
Greve de fome
Enquanto
os gastos financeiros com Guantánamo são questionados e discutidos nos
Estados Unidos, cerca de 100 prisioneiros continuam em greve de fome
como uma forma de protesto, 45 dos quais são alimentados à força duas
vezes por dia. A manifestação já dura mais de cinco meses.
Segundo
David Reme, um dos advogados dos réus, alguns dos homens em greve
correm risco de morte. Vários deles perderam mais de 20 quilos e estão
desesperados, diz ele. Alguns podem falecer nos próximos dias.
O
protesto foi iniciado no último dia 6 de fevereiro, como reação aos
abusos sofridos e contra as condições precárias das detenções, sendo que
muitos estão presos há mais de uma década sem que tenha havido qualquer
acusação oficial contra eles. Os detentos também recusam o confinamento
por tempo indefinido e a apreensão de seus pertences e cópias do Corão,
livro sagrado dos muçulmanos.
Na quarta-feira
(31), a Al-Qaeda se manifestou contra o tratamento dado aos presidiários
e a greve de fome na prisão em território cubano e afirmou que fará
“todo o possível” para libertar os “irmãos” detidos.
Fonte: http://www.brasildefato.com.br/node/15387
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