Em carta à presidente Dilma, MPL fala em desmilitarização da PM e critica 'máfia dos transportes'
O MPL (Movimento Passe Livre), responsável pela convocação dos atos
contra o aumento da tarifa dos transportes públicos, divulgou nesta
segunda-feira (24) uma carta aberta à presidente Dilma Rousseff, na qual
criticam o tratamento dispensado pelo governo federal aos movimentos
sociais e criticam a 'máfia dos transportes'. Integrantes do movimento
foram convidados para uma reunião hoje com a chefe do executivo federal.
"Ficamos surpresos com o convite para esta reunião. Esse gesto de
diálogo que parte do governo destoa do tratamento aos movimentos sociais
que tem marcado a política desta gestão", diz a carta.
O documento critica o "massacre dos indígenas no Mato Grosso do Sul" e a
prisão de militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto no
Distrito Federal. "A desmilitarização da polícia, defendida até pela
ONU, e uma política nacional de regulamentação do armamento menos letal,
proibido em diversos países e condenado por organismos internacionais,
são urgentes."
No documento, o MPL afirma querer saber qual o posicionamento da
presidente com relação à tarifa zero e à PEC (Projeto de Emenda
Constitucional) 90/11, que inclui o transporte no rol dos direitos
sociais do artigo 6º da Constituição Federal.
'Máfia dos transportes'
O movimento criticou também os investimentos dos governos no transporte
individual. "Na prática, o Brasil investe 11 vezes mais no transporte
individual, por meio de obras viárias e políticas de crédito para o
consumo de carros". De acordo com o MPL, Dilma vetou o inciso 5 do 16º
artigo da Política Nacional de Mobilidade Urbana (lei nº 12.587/12) que
responsabilizava a União por dar apoio financeiro aos municípios que
adotassem políticas de priorização do transporte público.
Segundo a carta, a desoneração de impostos – medida defendida pelo
prefeito Fernando Haddad e pelo governador Geraldo Alckmin – como forma
de baratear o custo dos transportes beneficia as empresas
concessionárias, já que "abrir mão de tributos significa perder o poder
sobre o dinheiro público, liberando verbas às cegas para as máfias dos
transportes, sem qualquer transparência e controle."
Reuniões
No domingo (23) o MPL realizou três reuniões públicas
para esclarecer o que é o grupo, e reforçar a campanha de coleta de
assinaturas para um projeto de lei que prevê a implantação do transporte
gratuito em São Paulo. O texto precisa ter o apoio de 5% do eleitorado
da cidade antes de ser apresentado na Câmara de Vereadores, o que
equivale a cerca de 430 mil assinaturas.
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