"Protestos podem melhorar democracia", afirma 'Economist'
O plano inicial proposto por Dilma "pareceu apressado e improvável de oferecer calma duradoura (à população)"
A onda de protestos que se espalhou pelo Brasil e por diversos outros países é capa da edição mais recente da revista Economist,
que concluiu que, apesar de a democracia ter ficado "mais difícil", ela
pode ser melhorada por conta das manifestações. "Quando políticos
entendem que as pessoas querem mais - e que seu voto depende de sua
satisfação -, as coisas podem mudar. No Brasil, a presidente Dilma
Rousseff quer um debate nacional na renovação da política. Isso não será
fácil nem rápido, mas os protestos ainda podem melhorar as democracias
nos países emergentes, e até mesmo na União Europeia", diz a revista,
que também dedicou um editorial ao assunto e uma reportagem específica à
situação brasileira.
Nessa reportagem, a publicação opinou que o plano
inicial proposto por Dilma "pareceu apressado e improvável de oferecer
calma duradoura (à população)", citando sobretudo a proposta de uma
Assembleia Constituinte, já descartada por conta de debates quanto a sua
validade constitucional. Mesmo assim, a reforma política é
"urgentemente necessária", ainda que os diversos partidos políticos
brasileiros, "poucos dos quais tendo ideologia além do clientelismo,
tenham pouco apetite para mudanças".
A revista lamenta que Dilma "não tenha dado sinais de
que vá reduzir o inchaço do governo, algo que lhe permitiria financiar
serviços (públicos) melhores" e opina que ainda não está claro quem vai
se beneficiar politicamente dos protestos brasileiros. "(O
ex-presidente) Lula se manteve incomumente silencioso até agora, ainda
que tenha ajudado sua protegida (Dilma) nos bastidores. Ele apreciaria o
papel de salvador nacional. Mas muitos dos problemas citados pelos
manifestantes são coisas que, como presidente, ele fez pouco para
resolver", diz o texto.
'Corrupção, ineficiência, arrogância'
A revista destaca as diferenças entre os diversos protestos ao redor do mundo - da Índia à Turquia; da Bulgária à Primavera Árabe -, mas vê em comum o fato de muitos manifestantes serem "pessoas de classe média, e não grupos organizados de lobbies, especializados em influenciar decisões políticas favoráveis a seus interesses, com uma lista de exigências".
A revista destaca as diferenças entre os diversos protestos ao redor do mundo - da Índia à Turquia; da Bulgária à Primavera Árabe -, mas vê em comum o fato de muitos manifestantes serem "pessoas de classe média, e não grupos organizados de lobbies, especializados em influenciar decisões políticas favoráveis a seus interesses, com uma lista de exigências".
"Os protestos não são mais organizados por sindicatos ou
outros lobbies, como antes. A espontaneidade lhes dá um sentido
intoxicante de possibilidade. Inevitavelmente, a falta de organização
também embaralha a agenda", destaca a revista.
"Seu misto de farra e ira condena a corrupção, a ineficiência e a arrogância de quem está no poder", avalia a Economist.
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