Constituinte foi barbeiragem do governo, diz Lula a aliados
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou com petistas da estratégia do governo Dilma Rousseff para dar uma resposta à onda de protestos pelo país. A aliados, Lula chamou de "barbeiragem" a articulação.
Ele queixou-se especialmente da ideia de convocação de uma constituinte
exclusiva para discussão da reforma política. E, mais ainda, do recuo da
iniciativa apenas um dia depois.
Para oposição, Dilma sugere reforma política para tirar governo do foco dos protestos
Maioria dos partidos da base aceita plebiscito para nortear reforma política, diz Planalto
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Ainda segundo petistas, Lula criticou a decisão de consultar o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), ícone da oposição, sem
que governistas, entre eles o vice-presidente Michel Temer (PMDB),
fossem ouvidos sobre a proposta.
Dentro do PT, a atuação dos ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e
Aloizio Mercadante (Educação), que auxiliam Dilma, também tem sido
objeto de reparos.
A proposta de um plebiscito com tópicos de uma reforma política também
não agrada a aliados do ex-presidente. Na avaliação de petistas ligados a
Lula, a consulta é temerária: como cabe à Câmara elaborar as perguntas,
nada impede que assuntos controversos como o fim da reeleição entrem no
plebiscito.
Segundo um integrante da cúpula do PT, Lula chegou a telefonar para
Mercadante reclamando da defesa de instalação de uma constituinte para o
debate da reforma. A assessoria do Instituto Lula diz desconhecer o
telefonema.
Na semana passada, a presidente foi a São Paulo para consultar seu
padrinho político sobre a explosão de protestos pelas ruas do país. A
convocação de uma constituinte não estava na pauta.
Hoje, Lula viaja à Etiópia para lançamento de um programa de segurança
alimentar na África. Interlocutores afirmam que Lula tem evitado se
manifestar publicamente sobre o momento político porque, ao falar,
acabaria expondo sua restrições à performance do governo.
Contrariado com a condução política, ele reserva sua opinião a público
restrito, como o grupo de jovens recebido na quarta-feira, no Instituto
Lula. Após ouvir representantes de movimentos jovens de esquerda, Lula
disse que o governo deveria apresentar dados em defesa da administração
petista.
Uma deficiência apontada por Lula na comunicação do governo está em
registrar as obras de mobilidade como gastos da Copa, alimentando a
ideia de que essas despesas são para a construção de estádios. Segundo
ele, é necessário explicar a política de financiamento para a reforma de
estádios.
Esse mesmo raciocínio foi exposto por Dilma em seu pronunciamento na TV em resposta às manifestações.
Esse mesmo raciocínio foi exposto por Dilma em seu pronunciamento na TV em resposta às manifestações.
O secretário-geral da Presidência e principal nome ligado a Lula no
ministério de Dilma, Gilberto Carvalho, confirmou que Lula tem ouvido os
movimentos sociais.
"O presidente Lula fez uma reunião ontem [anteontem] com os jovens, que
eu soube que foi muito interessante. Acho natural os partidos procurem
nesse momento articular as suas bases, suas militâncias para fazer esse
debate, fazer essa disputa que está dada na sociedade."
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br
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