Reestruturação do Denarc vai aumentar fiscalização de policiais, diz diretor
Departamento passa por mudanças após operação que prendeu investigadores e delegados
Secretário de Segurança Pública anunciou, na quarta-feira (17), mudanças no Denarc
As mudanças que o Denarc (Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos) deverá passar, após a operação que prendeu policiais por envolvimento com o tráfico de
drogas no começo desta semana, deverão incluir mais rigor na
fiscalização do trabalho dos agentes. O diretor do departamento, Marco
Antonio Pereira Novaes de Paula, falou ao R7 que a reestruturação está sendo feita para “não ter possibilidade de se repetirem os fatos”.
— O objetivo é controlar, é fiscalizar. Problemas com órgãos de
investigação de narcóticos são no mundo inteiro. Tem muito dinheiro em
jogo. Então, é muito difícil de controlar. A única forma é evitando as
brechas, impedindo as possibilidades. É nesse sentido que tem que
caminhar essa reestruturação.
Uma das possibilidades estudadas é limitar o poder de investigação do
departamento apenas para a área da capital paulista. No entanto, o
diretor do Denarc disse que ainda não é certo que isso será feito e que
“só essa medida não resolve nada”.
— Se o cara [policial] quiser fazer errado, ele faz no interior, na capital, na macro São Paulo.
A reestruturação do Denarc foi anunciada na quarta-feira (17)
pelo secretário de Segurança Pública, Fernando Vieira Grella, após
reunião com o governador Geraldo Alckmin. As mudanças, de acordo com
ele, serão comunicadas em dez dias.
A operação
A Corregedoria da Polícia Civil e o MP-SP (Ministério Público de São
Paulo) desarticularam a quadrilha de policiais do Denarc suspeitos de
roubo, corrupção e extorsão mediante sequestro. As investigações
indicaram que os agentes recebiam propina de até R$ 300 mil de
traficantes de drogas na capital e na região de Campinas.
O promotor José Tadeu Baglio ouviu na quarta-feira os depoimentos de dois delegados envolvidos no esquema, Clemente Castilhone Júnior, da Unidade de Investigações, e Fábio Amaral de Alcântara, da 3ª Delegacia de Apoio.
— Os depoimentos aumentaram as convicções do Ministério Público de que houve vazamento de informações no Denarc.
Castilhone Júnior e Alcântara teriam fornecido informações a
traficantes sobre a invasão da favela do São Fernando — um dos
principais pontos de venda de drogas de Campinas, comandado por
Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, que está preso em Presidente
Venceslau. Os dois negaram que passaram detalhes da operação policial a
criminosos.
Outros dois policiais do 10º Distrito Policial de Campinas também foram
chamados para depor, mas ficaram calados. O advogado Ralph Tórtima
Sttetinger Filho questionou a validade do depoimento de Andinho usado
para incriminar os agentes.
— É a palavra de um delator traficante contra policiais com histórico de combate ao tráfico.
Prisões
A Justiça concedeu, na noite de quinta-feira (18), liberdade ao delegado Clemente Castilhone Júnior.
Com isso, oito policiais permaneciam presos por suspeita de
envolvimento no esquema criminoso, incluindo o outro delegado. Quatro
agentes continuavam foragidos.
Fonte: R7
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