Morales pede desculpas ao Brasil por revista de avião militar
Ministro da Defesa, Celso Amorim, estava em voo que foi revistado em 2011 em La Paz
O
presidente boliviano, Evo Morales pediu desculpas nesta sexta-feira ao
Brasil pela revista em um avião militar brasileiro no final de 2011,
assegurando não ter sido informado do assunto, e prometeu punir quem
violou a imunidade do país vizinho. "Desculpas ao povo brasileiro, a seu
governo. Não foi instrução do presidente, do vice-presidente, nem do
gabinete", afirmou, referindo-se à revista.
"Sinto que alguns oficiais exageraram. Sob o pretexto da
luta contra o narcotráfico, não respeitam os aviões oficiais", afirmou
Morales em uma coletiva de imprensa na Casa do Governo. No entanto, ele
considerou que o assunto está resolvido entre a chancelaria e a
embaixada brasileira, apesar de admitir que isso ainda não é suficiente.
O Brasil apresentou uma queixa oficial ao governo
boliviano pelo fato de o avião em que se encontrava o ministro da
Defesa, Celso Amorim, ter sido revistado em uma viagem a La Paz, em
2011, e assinalou que, se uma ação similar voltar a ocorrer, será
aplicado o "princípio da reciprocidade".
Este incidente com o Brasil foi revelado depois que
quatro países europeus proibiram, no início de julho, o avião de Evo
Morales, que regressava de Moscou e ia para La Paz, o uso de seu espaço
aéreo ante rumores de que transportava o ex-agente de inteligência
americano Edward Snowden, requerido por Washington por espionagem.
"Eu não tinha nenhuma informação. Apenas nos últimos
dias fomos informados pelos meios de comunicação", defendeu-se Morales.
"Sinto que, no Brasil e na Bolívia, querem nos confrontar. Alguns
subalternos estão interessados em nos confrontar. Não vão conseguir nada
porque existe uma confiança única, antes com Lula e agora Dilma
(Rousseff). Esta confiança vai continuar", garantiu Morales.
O governo boliviano admitiu na quarta-feira que agentes
da polícia antinarcóticos revistaram na Bolívia um avião da Força Aérea
Brasileira (FAB), mas garantiu que a medida não teve relação com o
senador Roger Pinto, asilado na embaixada do Brasil em La Paz. "Às vezes
os agentes da Força Especial de Luta Contra o Narcotráfico cometem
algumas infâmias porque não sabem se é um avião 'VIP' ou não. Houve uma
reclamação (do Brasil) e esclarecemos isto", assinalou o chefe da
diplomacia boliviana, David Choquehuanca.
Choquehuanca respondeu nestes termos um comunicado
emitido na terça-feira pelo ministério da Defesa do Brasil sobre o
incidente envolvendo o avião militar a serviço do ministro Amorim, que
não estava na aeronave. Segundo Brasília, "no segundo semestre de 2011
ocorreram ações por parte das autoridades bolivianas que configuraram
violações da imunidade das aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB)."
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